O carnaval só começa oficialmente em março, mas o Rio já está em clima de festa. Neste Sábado (16), o coletivo Não é Não! começa a distribuição das suas tatuagens temporárias no pré-carnaval da cidade. O bloco escolhido para dar início a campanha foi o Desliga da Justiça, que faz desfile parado, na Praça Santos Dumont, no Baixo Gávea. O movimento tem como objetivo chamar a atenção contra o assédio sexual, principalmente nessa época, usando o próprio corpo como outdoor para espalhar a mensagem. Além do Rio de Janeiro também estão participando da campanha as cidades de São Paulo, Belo Horizonte, Belém, Recife/Olinda e Curitiba. Cada uma com sua própria campanha de financiamento.
Em 2019, a manifestação contou com o apoio de 244 doadores que arrecadaram R$ 15.569 para a produção de 30 mil tatuagens. Os adereços deverão ser distribuídos por todo carnaval até o dia 6 de março, quarta-feira de cinzas, no bloco Planta na Mente.
"Estamos fazendo uma rede de mulheres em nove cidades de todo o Brasil. Vamos distribuir mais de 100 mil tatuagens! Tem coisa mais linda?", comemorou Aisha Jacob, uma das fundadoras do movimento.
Não é Não!
Criada em janeiro de 2017 pelo grupo de amigas Bárbara Menchise, Aisha Jacob, Julia Parucker, Luiza Borges e Nandi Barbosa, o movimento teve início após mais um abuso sofrido por uma delas em um ensaio de bloco de carnaval. Naquele ano, foram mobilizadas 40 mulheres que se uniram na arrecadação de R$ 2784 em apenas 48 horas. O dinheiro foi usado para a confecção de quatro mil tatuagens, coladas gratuitamente pelas ruas da cidade, somente nas mulheres. Em seu segundo ano, o movimento extrapolou os limites do Rio de Janeiro e chegou a mais quatro estados como Minas Gerais, São Paulo, Pernambuco e Bahia, tamanha a adesão das foliãs.
Vale destacar que o crime de assédio sexual é comum o ano inteiro e em todos os períodos, mas é intensificado durante o carnaval. Principalmente, pela falsa sensação de que “tudo é permitido”. A mensagem Não é Não! é simples, objetiva e direta, mas ainda muito necessária.
Os números também são alarmantes. Aconteceram 135 estupros, em média, em 2016. Somente em 2017, uma mulher foi agredida a cada quatro minutos durante o carnaval carioca e no primeiro semestre de 2018 a Central de Atendimento á Mulher em Situação de Violência, recebeu 73 mil denúncias, através do telefone 180.
Para 2019 o movimento já encontrou parceiros e alguns blocos já declararam seu apoio, como AfroJazz, Agytoê, Bangalafumenga, Batuquebato, Caramuela, Dinossauros Nacionais, Desliga da Justiça, Empolga ás 9, Estratégia, É tudo ou nada?, Exagerado, Fogo e Paixão, Mulheres de Chico, Mulheres Rodadas, Pipoca e Guaraná, Planta na Mente, Que Pena Amor, Sereias da Guanabara e Turbilhão Carioca, além da Associação de Blocos Coreto. Todos unidos para um carnaval com mais alegria e menos assédio.