O espanhol Nicolas Alvarez Varona fez valer sua condição de principal favorito e faturou o título da categoria 18 anos da 49ª edição do Banana Bowl, neste sábado, no saibro da Sociedade Recreativa Mampituba, em Criciúma. Na decisão, o tenista, que é treinado pelo técnico brasileiro Cristiano de Oliveira Pinto, venceu o francês Harold Mayot por 6/4 e 6/2.
Entre as meninas, a francesa Diane Parry, cabeça de chave número 1, também confirmou seu favoritismo e sagrou-se campeã ao superar a norte-americana Hurricane Tyra Black por duplo 6/2.
“Estou muito feliz por ganhar aqui, me senti jogando em casa, com o apoio de todo o público”, comemorou Nicolas, que teve torcida especial em Criciúma, o irmão de seu treinador, Lucas Pinto, que mora na cidade catarinense. “Agora é pensar no Brasil Juniors Cup”, projetou o tenista, que disputará o GA de Porto de Alegre na próxima semana.
Nicolas é um dos principais nomes da nova geração espanhola. Ele entrou para a história do tênis mundial em 2016 ao se tornar o tenista mais jovem a pontuar na ATP com 14 anos e três meses, superando o recorde do canadense Felix Aliassime, que era três meses mais velho quando atingiu o feito.
O tenista de 17 anos também já teve propostas para treinar na academia de Rafael Nadal, no Centro de Alto Rendimento de Barcelona – de onde saiu o ex-top 5 Tommy Robredo e por onde passou Pablo Carreño Busto, ex-top 10 – e na academia de Patrick Mouratoglou, treinador da Serena Williams, e recusou todas para permanecer com o técnico brasileiro Cristiano.
“Tenho certeza de que fiz a escolha certa, ficando com meu pessoal, com o Cristiano. Nossa relação é muito mais que de treinador e pupilo, ele é como parte da minha família”, destacou Nicolas. “Vários tenistas bons também saíram de academias pequenas, como o próprio Nadal e o [Roger] Federer”, recordou.
Parceria com técnico brasileiro completará 10 anos
A parceria entre Nicolas e o técnico brasileiro Cristiano Pinto começou quando ele tinha oito anos de idade, na pequena cidade espanhola de Burgos. Depois de trabalhar seis anos em Portugal, com o pai do tenista português Pedro Souza, Cristiano decidiu mudar-se para a Espanha e montou sua própria academia.
“Eu aluguei um galpão que não tinha nada, eu mesmo pintei as quadras, comprei as tintas e pintei com rolinho. Eu fiz um orçamento e para fazer uma quadra saía 17 mil euros e eu não tinha esse dinheiro. Mas eu tinha um aluno que era construtor, que me ajudou, e consegui fazer duas quadras com 7 mil euros”, contou Cristiano, que, além de Nicolas, também treina outros dois tenistas espanhóis talentosos, Alejandro Garcia Carbajal e Mario Mansilla.
“Minha relação com os três é de família, eu frequento muito a casa deles. Os pais do Nicolas são como meus pais na Europa, o Miguel e a Josefina. Quando ele fez seu primeiro ponto na ATP com 14 anos e 3 meses e entrou para história como o tenista mais novo a pontuar na ATP, no dia seguinte ele perdeu, nós estávamos construindo a academia na época e eu o levei lá para pintar. Ele estava recebendo mensagens de felicitações e estava lá pintando a quadra comigo para saber valorizar as coisas”, revelou Cristiano, que conta com uma equipe qualificada para dar suporte aos seus atletas, entre o ex-número 2 do mundo Alex Corretja.
“São três treinadores que foram formados comigo, Guillermo Anton, Rodrigo Pinto e Kevin Borges, o preparador físico Luis Martin, os fisioterapeutas David e José, o David Lagos, nutricionista do Atlético de Madrid, e o Xavi Segura e o Alex Corretja como managers”, enumerou. “Minha esposa, Ana Paula, também é como uma mãe para eles, cozinha, lava a roupa deles, é um projeto família mesmo”, ressaltou o treinador, que revelou que a equipe está de mudança para Valencia.
“Eu recebi uma proposta boa para irmos para Valencia, nós também sentimos a necessidade de crescer, mas os três vão comigo. Vão morar na minha casa lá. Somos realmente uma família”, finalizou.