Um almoço na residência do professor e babalawô Ivanir dos Santos, na Mangueira, regado com feijoada, celebrou o lançamento do documentário "Resistência Negra", com protagonismo de atores, atrizes, diretores, diretoras e roteiristas negros e negras da teledramaturgia brasileira. Este é o nome da série documental que o Globoplay prepara para estrear em novembro. A produção terá cinco episódios e será apresentada pela cantora Larissa Luz e pelo rapper Djonga. O projeto foi idealizado e levado à plataforma de streaming daTV Globo por Ivanir dos Santos, que atua há mais de 40 anos em prol das liberdades, dos direitos humanos, das pluralidades, contra o racismo e a intolerância religiosa. A direção geral é de Mayara Aguiar, é uma das poucas figuras negras que trabalham como diretores na emissora, e a primeira mulher negra a atuar na teledramaturgia.
"Existem movimentos que nos respaldam e nos sustentam para chegarmos até aqui. Nossos passos vêm de longe, como aprendi com Lúcia Xavier, Jurema Werneck e as mulheres negras. Há anos, estes movimentos têm sido fundamentais nas suas reivindicações e lutas para que a gente chegasse hoje ao que é", declarou a atriz Juliana Alves.
Juliana Alves, Ivanir dos Santos, Marquinhos de Oswaldo Cruz e Diogo Almeida.
O foco do encontro, em fortalecimento e complementaridade a ações de conscientização sobre a igualdade racial, foi organizado pelo Centro de Articulações de Populações Marginalizadas/CEAP, e contou com as presenças de atores e atrizes da novela "Amor Perfeito ", como Maria Gal, que interpreta a Neiva na novela; a própria Juliana Alves (Wanda); Diogo Almeida (Orlando) e as crianças Levi Asaf (Marcelino) e Lua Miranda, que estará no documentário, além de Samantha Almeida, Diretora de Diversidade e Inovação em Conteúdo da TV Globo. “O encontro trouxe uma oportunidade de uma ampla confraternização, de respeito a tudo que o povo negro brasileiro representa. Respeito quem realiza construções negras. Me sinto orgulhoso dessas ações, é uma iniciativa coletiva do povo negro", pontuou Ivanir.
A atriz Lua Miranda, que estará no documentário, fala aos presentes ao lado do também ator Levi Asaf, o Marcelino da novela "Amor Proibido".
Paulo Lins, escritor que também colaborou no roteiro da série, veio de São Paulo especialmente para o evento. Ele ganhou fama internacional com o roteiro do livro Cidade de Deus (1997) sobre a vida naquela favela carioca. "Essa série é importante para todas as pessoas que, de alguma forma, ajudaram na equidade racial nesse país, que ainda possui uma discriminação racial muito grande. Esse encontro celebra o que a gente conquistou e também diz que a luta continua", afirmou.
Também estiveram presentes na bucólica vila de casas na Zona Norte, o sambista Marquinhos de Oswaldo Cruz, idealizador do Trem do Samba e da Feira das Yabás; Claudia Vitalino, atuante do Movimento Negro e Mulheres Negras; Coronel Ubiratan Ângelo, Ex-comandante da PM do Rio; Joel da Educafro; Patrícia Rodrigues, coordenadora do projeto "Casa da Mulher Sambista"; Jonathan Raymundo, historiador e fundador do movimento Wakanda in Madureira; Erick Bretas e Rafael Dragaud, ambos da TV Globo, além intelectuais como Carlos Alberto Medeiros e Jacques d'Adesky, entre outras lideranças negras.
"Que honra ser uma trabalhadora operária desse momento tão importante no audiovisual e sociedade brasileira!", concluiu a atriz Samantha Almeida.