PM afasta comandante de batalhão da Ilha do Governador para investigar duas mortes durante operação

O tenente-coronel Fábio Batista Cardoso foi afastado do comando do Batalhão da Polícia Militar da Ilha do Governador, na zona norte do Rio. A Secretaria de Estado de Polícia Militar informou a decisão foi tomada para dar maior transparência à investigação de duas mortes durante operações policiais no bairro.Nesse sábado (12), a menina Eloah Passos, de 5 anos, e o adolescente Wendel Eduardo, de 17, foram mortos durante ação de policiais militares no Morro do Dendê.

Ouça no podcast do Eu, Rio! a reportagem da Rádio Nacional sobre o afastamento do comandante de batalhão da PM, para favorecer a investigação sobre duas mortes durante repressão a manifestantes na Ilha do Governador.

A Polícia Militar (PM) afirmou, em nota, que durante patrulhamento houve uma tentativa de abordagem a um jovem que dirigia uma moto. Ele disparou contra os policiais, que revidaram. O suspeito foi ferido, socorrido e levado por bombeiros ao Hospital Evandro Freire. O condutor da motocicleta foi encaminhado para prestar esclarecimentos.

A PM informou que os policiais foram alvos de tiros disparados do interior da comunidade. Na sequência, manifestantes fecharam ruas próximas e atiraram pedras contra carros e policiais.

Durante o trabalho para liberar o trânsito na região, a PM foi informada sobre uma criança baleada na comunidade do Dendê, socorrida por familiares. Testemunhas disseram que a vítima teria sido atingida no interior de casa.

Parentes de Eloah informaram que os policiais chegaram atirando para o alto e uma das balas teria atingido a menina.

A Secretaria Municipal de Saúde do Rio informou que Eloah já chegou sem vida ao Hospital Municipal Evandro Freire, para onde foi encaminhado Wendel Eduardo, que também chegou morto.

Segundo a PM, foi instaurado procedimento “para averiguar a conjuntura das ações”. A corregedoria da corporação acompanha o caso.

A ONG Rio de Paz informou que Eloah a décima criança morta por bala perdida este ano no estado. Desde 2007, quando a entidade começou a contabilizar, já são 101 casos.