Roubo de dados, prejuízos financeiros, golpes, entre outras atividades ilegais têm se espalhado pelo ambiente da internet, afetando a vida dos consumidores.Para ajudar a combater esses crimes, a UFRJ, Universidade Federal do Rio de Janeiro, acaba de criar um projeto chamado Observatório da Indústria da Desinformação e seu impacto nas relações de consumo no Brasil. A iniciativa foi viabilizada devido a um financiamento do Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio do Fundo de Direitos Difusos da Secretaria Nacional do Consumidor.
Ouça no podcast do Eu, Rio! a reportagem da Rádio Nacional sobre a importância do observatório, com o depoimento Marie Santini, diretora do NetLab UFRJ, laboratório responsável pelo projeto.
O foco do Observatório é monitorar as “operações de influência”, que utilizam técnicas de desinformação, diferentes formas de engano, fraude e manipulação dos consumidores brasileiros no ambiente online. Além da pesquisa sobre a indústria da desinformação, o projeto também tem como objetivos criar um banco de dados com contas e páginas falsas ou fraudulentas em que os anunciantes causem prejuízos aos consumidores e propor indicadores de transparência das plataformas digitais.
Fraudes com programa Desenrola Brasil engordam lucro das plataformas digitais
Em maio deste ano, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) publicou um estudo apontando que cerca de 78% das famílias brasileiras estariam endividadas, com perspectivas de crescimento deste índice. Nesse contexto, o Governo Federal lançou em 17 de julho a primeira etapa do programa Desenrola Brasil para que 70 milhões de brasileiros inadimplentes possam renegociar suas dívidas com instituições financeiras. Na primeira fase do programa, pessoas que tiverem dívidas bancárias de até R$100,00 terão seus nomes automaticamente limpos, enquanto pessoas físicas com renda mensal de até R$ 20 mil e que possuam dívidas de qualquer valor terão a oportunidade de negociar diretamente com seus bancos.
Entre os dias 19 e 21 de julho, o NetLab coletou dados na biblioteca de anúncios da Meta, onde ficam arquivadas as peças impulsionadas nas plataformas da empresa, como Facebook, Instagram, Messenger e Audience Network. O objetivo foi identificar anúncios fraudulentos que usaram o nome do programa
do governo para dar golpes nos cidadãos.
Encontramos centenas de anúncios de estelionatários que lesam possíveis beneficiários do programa, sobretudo pela apropriação indevida da imagem do governo federal e do Serasa, mesmo após a publicação de reportagens em jornais e emissoras de TV durante a semana denunciando esses golpes.Este relatório se soma a um conjunto de estudos publicados pelo NetLab UFRJ que apresentam evidências sobre as falhas de transparência e de segurança da publicidade nas plataformas digitais. Os golpes por meio das redes sociais causam danos materiais aos consumidores, especialmente aos mais vulneráveis que são segmentados pelas próprias plataformas. O lucro dessas empresas com anúncios fraudulentos, mesmo quando retirados do ar, as torna beneficiárias diretas dos golpes.
Fonte: Radioagência Nacional e NetLab UFRJ