Morreu hoje (15), aos 90 anos, de infarto, a atriz Léa Garcia, uma das primeiras atrizes negras da televisão brasileira. Ela ficou conhecida após interpretar a personagem Rosa na novela "Escrava Isaura", da TV Globo.
A informação foi anunciada por seus familiares no Instagram: "É com pesar que nós familiares informamos o falecimento agora na cidade de Gramado, no Festival de Cinema de Gramado, da nossa amada Léa Garcia".
Ela seria homenageada hoje (15) no festival de cinema. Léa receberia o Troféu Oscarito, mais tradicional homenagem do Festival de Cinema de Gramado, com Laura Cardoso.
Ouça no podcast do Eu, Rio! a reportagem da Rádio Cultura de Porto Alegre (RS) sobre a morte da atriz.
Léa nasceu no Rio de Janeiro em 1933. Se interessou pelas artes cênicas por influência do dramaturgo e ativista social Abdias do Nascimento, que a convenceu a subir ao palco do Teatro Experimental do Negro na peça Rapsódia Negra (1952). Léa foi indicada a melhor atriz no Festival de Cannes, na França, pelo papel em Orfeu da Conceição, filme de Marcel Camus baseado na peça Orfeu Negro, de Vinícius de Moraes. A atriz fora a protagonista da peça, montagem encenada no Teatro Municipal.
Ela fez sua estreia na televisão no Grande Teatro da TV Tupi ainda na década de 50. Foi para a Globo em 1970 na novela Assim na Terra como no Céu, na qual interpretou Dalva, a empregada do personagem de Jardel Filho. Em 1972, participou do primeiro programa gravado inteiramente em cores no Brasil: um episódio de Caso Especial chamado Meu Primeiro Baile.
Em 1976, Léa interpretou sua primeira vilã em "Escrava Isaura". O papel de Rosa fez Léa ser reconhecida pelo público, mas também lhe rendeu problemas: a atriz chegou a sofrer violência física de telespectadores que odiavam a personagem.
"Escrava Isaura é o meu cartão de visitas. Tive muitas dificuldades em fazer cenas de maldade com a Lucélia Santos. Eu me lembro de uma cena em que, quando a Rosa acabou de fazer todas as perversidades com a Isaura, eu tive uma crise se choro, me pegou muito forte. Chorei muito, não com pena, mas porque me tocou", disse Léa Garcia no Memória Globo.
Desde então, a atriz fez quase 70 filmes e novelas em sua carreira, além de 20 peças. Seu último papel na TV foi Dona Antônia, mão de Mister Brau, na terceira temporada da série estrelada por Lázaro Ramos, em 2017.
Além de referência, Léa foi grande investidora do cinema negro brasileiro. Como roteirista, adaptou para as telas textos de autores negros como Cidinha da Silva, Luiz Silva Cuti e Muniz Sodré. Ela também participou de filmes como "As Filhas do Vento" (2005), que tem questões raciais como temática central e foi realizado por um elenco negro.
Fonte: Agência Brasil e Radioagência Nacional