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Praia de Copacabana receberá 16ª Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa

II Relatório sobre Intolerância Religiosa: Brasil, América Latina e Caribe revelou três denúncias de intolerância religiosa por dia em 2022

Por Portal Eu, Rio! em 15/09/2023 às 13:07:20

Foto: Divulgação

A Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa acontece neste domingo (17) na Praia de Copacabana. A 16ª edição, organizada pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) e o Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP), contará com a participação de personalidades destacadas, como o Pastor Kleber Lucas, a cantora Marina Íris, Mestre Kotoquinho e o cantor Marquinhos de Oswaldo Cruz. A concentração será no Posto 5, a partir das 10h. No trajeto haverá apresentações de grupos culturais como Filhos de Gandhy, Regional do Biguá, Arca da Montanha Azul (holístico), Marcelo Vacite - União Cigana do Brasil e de outros grupos religiosos.

O II Relatório sobre Intolerância Religiosa: Brasil, América Latina e Caribe revela uma nefasta política de extermínio e silenciamento. Organizada pelo CEAP e pelo Observatório de Liberdades Religiosas (OLIR), com apoio da Representação da UNESCO no Brasil, lançado em janeiro de 2023, traz dados alarmantes sobre o crescimento do discurso de ódio: há uma média de três denúncias de intolerância religiosa por dia em 2022.

Ao longo dos anos, o evento vem chamando a atenção da sociedade civil e das autoridades públicas para os riscos antidemocráticos diante do crescimento dos casos de intolerância religiosa. Como bem pontua o Babalawô Ivanir dos Santos, em seu livro “Marchar Não é Caminhar”, “conflitos e disputas religiosas nunca deixaram de fazer parte das transformações sociais porque não existe uma unicidade sobre religiões e religiosidades, seja aqui no Brasil ou em qualquer outra parte do mundo".

A Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa se destaca como uma das vozes ativas na luta e pela democracia, pelo estado laico e de combate à intolerância religiosa, que persiste em toda a sociedade. Nasceu em resposta a episódios que evidenciaram a necessidade de priorizar o respeito à fé. Nesse contexto, a CCIR se protege como um escudo essencial contra os crimes religiosos, passando a ser um importante instrumento de acolhimentos e denúncias dos crimes de intolerância religiosa. Única no mundo que tem em seu cerne diversos adeptos religiosos, dentre representantes do candomblé, umbandistas, evangélicos, católicos, budistas, muçulmanos, judeus, wiccanos, hare krishnas, ciganos, mórmons, defensores dos direitos humanos e outros segmentos. Representantes de outras regiões e estados também marcam presença, oriundos da Bahia, Minas Gerais, São Paulo e Amazonas. A organização almeja receber em torno de 100 mil pessoas, em prol das pluralidades, humanidades, diversidade e liberdade religiosa.

“Desde que iniciamos o projeto Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, uma pergunta sempre aparece: quais as motivações para os ataques de intolerância religiosa contra as religiões de matrizes africanas? Obviamente, não temos como dar uma resposta pronta e acabada sobre os casos de violência. Mas podemos pontuar que existe um silenciamento por parte dos órgãos de segurança pública das administrações municipal e estadual sobre os fatos. O Brasil não é um país laico, como prega a lei!”, questiona o Babalawô Ivanir dos Santos.

Como surgiu o ato
Sem bandeiras políticas ou partidárias, a Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, surgiu no ano de 2008 em reação aos episódios de intolerância religiosa que aconteceram no Morro do Dendê, na Ilha do Governador. Na ocasião, adeptos das religiões de matriz africana foram expulsos da comunidade pelo traficante Fernandinho Guarabu, que, na época, comandava o tráfico local e os impedia de usar suas vestes religiosas e seus fios de conta. Após diversas manifestações públicas em defesa das liberdades religiosas e dos direitos de cultos pessoais, ligados às diversas confissões religiosas, defensores das diversidades e membros de grupos sociais passaram a se unir e reunir, anualmente em prol da tolerância, da equidade e da pluralidade, para que, juntos, passassem a realizar o maior evento inter-religioso do Brasil.

Ainda surgem novos casos de intolerância religiosa em todo o Brasil. No último dia 17 de agosto, a sacerdotisa do candomblé, líder quilombola e da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq), Mãe Bernadete, foi brutalmente assassinada dentro da associação do Quilombo Pitanga dos Palmares, na Bahia.

Em 21 de janeiro de 2000, a yalorixá Gildásia dos Santos e Santos, Mãe Gilda de Ogum, sacerdotisa do Ylê Axé Abassá de Ogum, localizado na localização nas imediações da Lagoa do Abaeté, bairro de Itapuã, Salvador (BA), teve infarto fulminante após ver sua fotografia estampada no jornal Folha Universal, associada a uma comprometedora reportagem sobre charlatanismo, sob o título: “Macumbeiros charlatões lesam o bolso e a vida dos clientes”.

“Lá se vão 16 anos desde a ousada decisão de tornar público o trabalho de desconstrução de preconceitos milenares, Nesses anos houve, sem dúvida, um progresso substancial. Mas será suficiente? Infelizmente não. Todo dia surgem novos casos de agressões físicas ou verbais, depredações e profanação de locais sagrados. O número de casos quintuplicou ano passado. Neste ano, são notícias diárias, de Norte a Sul”, declara Diane Kuperman, da Associação Religiosa Israelita do Rio de Janeiro (ARI).




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