Em seu quinto desfile, o primeiro bloco de carnaval feminista do Rio de Janeiro, o Mulheres Rodadas, reuniu na manhã de hoje (6) centenas de pessoas no Largo do Machado, zona sul da cidade, para cantar, dançar e se divertir nesta quarta-feira de cinzas. Sem esquecer a luta contra a intolerância, o preconceito, o machismo, a misoginia e o assédio, o bloco seguiu em direção ao Parque do Flamengo arrastando uma multidão.
Criado em 2015 como forma das mulheres se posicionarem a favor da liberdade de se vestir e divertir sem serem importunadas, o Mulheres Rodadas segue necessário, segundo a coordenadora e fundadora do grupo, Renata Rodrigues, pois a intolerância e o preconceito aumentaram nos últimos anos.
“Estamos fazendo um desfile em comemoração aos cinco anos do bloco e dedicamos para Marielle e à Marcia Benevides, que foi uma integrante nossa morta pelo ex-companheiro. O que fica de cinco anos para cá é que o debate sobre o assédio e a violência no carnaval se espalhou, mas a gente tem um caminho muito longo a perseguir, porque persiste o preconceito e a violência contra as mulheres”,disse.
Animada no bloco, a professora Fabíola Camargo diz que participa desde o primeiro desfile do Mulheres Rodadas. “É importante porque lembra um pouco da luta de todos os nossos dias, da vida cotidiana e de algumas conquistas que tivemos. Sem dúvida nenhuma os desafios são enormes, além de aumentar a nossa luta aumentou também o machismo na sociedade. A gente tem muito o que lutar, houve muito retrocesso”.
Este ano o bloco foi para rua com mais de 200 integrantes e 30 pessoas na ala da perna de pau, tradicional no Mulheres Rodadas. Na Rua Ministro Tavares de Lira, o cortejo fez uma parada para tocar Alguém me avisou, de Dona Ivone Lara, e na Rua Barão do Flamengo, a parada foi para Geni e o Zepelim, de Chico Buarque, além de um ato com as pernaltas levantando cartazes com dizeres “Família de verdade é onde existe amor”, “Alienação parental é violência” e “Nós queremos vivas, livres e sem medo”, além de placas em homenagem a Marielle Franco, vereadora assassinada há quase um ano.
Foram distribuídas no bloco as cartilhas “Folia Sim, assédio não”, feitas em parceria com o Núcleo de Defesa dos Direitos da Mulher da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro. O material orienta foliões sobre a importunação sexual, que passou a ser considerada crime no final do ano passado.
Fonte: Agência Brasil