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Filhos de hansenianos afastados dos pais internados compulsoriamente receberão pensão vitalícia

Senado aprova pagamento de valor não inferior ao salário mínimo, e proposta segue para a sanção de Lula

Por Portal Eu, Rio! em 03/11/2023 às 14:02:46

Relatado pelo senador Omar Aziz, o texto seguiu para sanção presidencial. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Os filhos separados de pessoas com hanseníase colocadas em isolamento domiciliar ou internadas em hospitais-colônia compulsoriamente até 1986 poderão contar com uma pensão vitalícia. Projeto com essa finalidade foi aprovado pelo Senado nesta quarta-feira (1º) com parecer favorável do relator, senador Omar Aziz (PSD-AM). Agora o texto segue para sanção.

O PL 3.023/2022 altera a Lei 11.520, de 2007, que concedeu pensão vitalícia às pessoas com hanseníase isoladas ou internadas compulsoriamente até 31 de dezembro de 1986. A lei atual, no entanto, estabelece que o benefício não pode ser transferido aos filhos após a morte do paciente. Já o texto aprovado garante que a pensão seja repassada aos filhos, em valor não inferior a um salário mínimo (R$ 1.320) e sem efeito retroativo.

O projeto, do deputado Diego Andrade (PSD-MG), também altera para esse mesmo valor a pensão das pessoas que foram internadas. Hoje, elas recebem R$ 750. Outra alteração proposta é a menção explícita às pessoas internadas compulsoriamente em seringais, e seus filhos, que também passarão a ter o mesmo direito, caso o projeto venha a ser transformado em lei.

Ouça no podcast do Eu, Rio! a reportagem da Rádio Senado sobre a aprovação pelo Senado de uma pensão vitalícia para pessoas que tenham sido apartadas dos pais por causa da internação ou isolamento domiciliar compulsório, imposto aos hansenianos até década de 80.

No seu voto, Omar lembra que durante boa parte do século 20, foi executada uma política de segregação que determinava a internação compulsória de pessoas com hanseníase, causando a separação de famílias e levando os filhos, mesmo crianças pequenas, a viverem longe dos pais, às vezes até em instituições específicas para eles. Essa situação resultou em graves sequelas psicológicas. Embora tenha sido abolida em 1962, a prática persistiu até 1986, quando foi definitivamente encerrada. Para o relator, a proposta corrige um “erro histórico” ao citar a política higienista, à época, como discriminatória.

— Trata-se de um resgate que está sendo feito daqueles parentes que foram obrigados a se afastar dos seus filhos durante um longo tempo por causa da hanseníase — afirmou, Omar.

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) também elogiou a iniciativa.

— Esse projeto vem no sentido de reparação, aumentando o valor dessa pensão. Eu acho que a gente faz hoje justiça, uma reparação histórica a essas pessoas que foram, de forma indevida, tiradas da sociedade. Nós temos hoje os filhos, os netos e os bisnetos que precisam realmente que a gente faça justiça nesta manhã.


Por Portal Eu, Rio!

Fonte: Agência Senado e Rádio Senado

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