Após o estado de greve ter início em 5 de fevereiro, os profissionais do Jornal do Brasil decidiram cruzar os braços por 24 horas. A decisão foi tomada de forma unânime em assembleia realizada nesta segunda (8) na sede do jornal, na Avenida Rio Branco 157, no Centro do Rio. A greve é nesta terça (12) às 10 horas e a edição de quarta (13) não terá circulação no Rio.
Os jornalistas alegam atrasos no salário de dezembro (1/3 da dívida referente ao mês foi quitada), janeiro e fevereiro. Um dos grevistas publicou um desabafo em um grupo de WhatsApp que foi compartilhado em outros grupos formado por profissionais de comunicação. No relato, um dos integrantes do movimento alegou que muitos tinham "uma tênue esperança de que algo seria feito hoje pela direção para evitar isso. Ledo engano. O diretor de redação acaba de se demitir e caminha, inexoravelmente, para o seu fim".
O diretor que pediu para sair foi Toninho Nascimento. Segundo algumas fontes relataram ao "Portal Eu, Rio!", o agora ex-diretor teria se irritado com a postura do presidente do JB, Omar Catito Peres, sobre a questão relativa aos pagamentos atrasados. E o não comparecimento dele a uma reunião marcada para tratar do assunto teria sido a gota d"água.
O vice-presidente editoral, Gilberto Menezes Côrtes, comentou com exclusividade ao "Eu, Rio!" que respeitava a decisão dos trabalhadores e que "não poderia fazer nada" diante da vontade dos profissionais. A respeito da reunião, o diretor alegou que foi ele quem marcou a conversa às 11 horas desta segunda (11) junto com Toninho e com o Catito para tratar do assunto. Mas foi surpreendido quando soube que o dono do JB marcou outra reunião no mesmo horário com dois jornalistas para tentar resolver o assunto. Revoltado, Toninho pediu demissão ao saber do ocorrido. O portal não conseguiu localizar o ex-diretor para comentar o episódio.
Nos bastidores, vários jornalistas relataram que Omar Peres alega não ter dinheiro e que não há uma previsão do pagamentos de todos os atrasados ou pelo menos da tentativa de acordo. Mas causou constrangimento e irritação em alguns o fato do dono do JB ter postado foto em seu perfil pessoal no Facebook uma foto em um camarote na Sapucaí durante o desfile das campeãs.
Promessas não cumpridas
O diretor-executivo do Sindicato Municipal dos Jornalistas, Márcio Leal, comentou que apesar das tentativas nunca houve uma participação de Catito nas reuniões. Que comparecia representando a direção era Menezes Côrtes. Ele também afirma que desde setembro há várias promessas sobre resolver a situação financeira, mas nada foi cumprido.
Embora defenda a manutenção do jornal e torça para que o problema se resolva, o diretor do sindicato admite não acreditar que alguma ideia seja apresentada após a paralisação programada para se encerrar às 10 horas de quarta (13), quando outra assembleia será realizada em local a ser definido. Leal também comentou como se encontra a situação profissional de quem trabalha no veículo.
"Não adianta a gente querer que o jornal exista se ele não dá dignidade para alguém trabalhar. Muitos ali são PJ (Pessoa Jurídica), tem gente que não recebeu o FGTS e até há quem nunca teve a carteira assinada. Infelizmente alguns estão pedindo dinheiro para irem ao trabalho. Tem que haver dignidade, o salário precisa ser pago. A verdade é que há muitas promessas, mas nenhuma ação", criticou Leal.
O "Portal Eu, Rio!" tentou contato com Omar Catito Peres, mas ele não podia falar até o momento desta publicação.