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'Somos gamers, não somos assassinos', protestam internautas sobre declaração do General Mourão

Chacina de Suzano, segundo vice-presidente, teria games como incentivadores de violência

Por Jonas Feliciano em 14/03/2019 às 17:05:05

Nesta quarta-feira (13), mais uma tragédia abateu os brasileiros. A Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP), foi alvo dos assassinos Guilherme Taucci Monteiro, 17, e Luiz Henrique de Castro, 25. Em um ataque violento, eles mataram oito pessoas, deixaram 11 feridos e depois se suicidaram.

Mais uma vez, um caso como este chocou o país. Depois do acontecido, diversas autoridades se pronunciaram a respeito da tragédia. Ainda no período da tarde de ontem, o presidente Jair Bolsonaro publicou suas condolências as vítimas.

"Presto minhas condolências aos familiares das vítimas do desumano atentado ocorrido hoje na Escola Professor Raul Brasil, em Suzano, São Paulo. Uma monstruosidade e covardia sem tamanho. Que Deus conforte o coração de todos!", postou.

Pelo seu perfil oficial no Twitter, o vice-presidente Hamilton Mourão também disse que estava profundamente entristecido com a ocorrência da tragédia com vítimas inocentes.

"Deus conforte os corações de familiares, alunos e funcionários da Escola. #suzanoemluto #Suzanochora", escreveu Mourão.

Contudo, em uma entrevista para um veículo de comunicação, o vice-presidente afirmou que os jovens estão muito viciados em videogames violentos. Além disso, Mourão declarou que a rotina de trabalho dos pais dificulta a criação dos adolescentes e que a falta de escolas públicas em tempo integral poderia influenciar neste tipo de comportamento.

Na tarde desta quinta-feira (14), a hashtag #somosgamersnaoassassinos foi o assunto mais comentado entre os internautas. Muitos usuários fizeram referência a declaração de Mourão que causou polêmica por relacionar os jogos eletrônicos ao ato violento cometido pelos assassinos de Suzano.

Enquanto isso,  integrantes da chamada "bancada da bala" defenderam a liberação da posse de armas como uma solução contra episódios como o de Suzano. O senador Major Olímpio (PSL-SP) ), durante uma reunião da Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) do Senado, afirmou que se na escola houvesse um cidadão com uma arma regular "ele poderia ter minimizado o tamanho da tragédia".

O senador também criticou o Estatuto do Desarmamento e aqueles que são contra o decreto assinado pelo presidente  Bolsonaro que passou a flexibilizar a posse de arma. 

'Crimes assim estão mais ligados com questões psicopatológicas individuais'

Para a psicóloga Vanessa Coutinho, os assassinos em série são pessoas que cometem assassinatos com várias e em ocasiões diferentes. No Brasil, por exemplo, já tivemos casos com grande repercussão. O maníaco do parque foi um deles.

Em 1998, o serial killer Francisco de Assis Pereira fez um grande número de vítimas e manteve um padrão característico nos seus crimes.  Ele estuprava mulheres e depois as matava nas redondezas do Parque do Estado, na região Sul do estado de São Paulo. Vanessa relembrou que existia um padrão nas mortes e o prazer do indivíduo em cometê-las.

"Os assassinos em série possuem transtornos graves de personalidade. Eles sabem o que estão em fazendo e são capazes de levar uma vida aparentemente normal. Trabalham e se relacionam com outras pessoas. Conseguem viver integrados na sociedade e disfarçam este ímpeto de violência. Além disso, não possuem nenhum tipo de empatia pelo próximo. São capazes de matar, maltratar e violentar sem apresentar compaixão ou qualquer sentimento de culpa", explicou a psicóloga.

Ela ainda comentou que como ainda não se sabe a motivação do massacre de Suzano, é necessária cautela, pois não há a confirmação de crimes anteriores cometidos pelos assassinos. A princípio, as poucas informações apontam para um pacto entre os dois, devido o desfecho da ação que já havia sido observada em outros casos parecidos como o da escola de Realengo, no Rio de Janeiro.

"Por enquanto, só sabemos que ambos tinham estudado no colégio. É possível que, de alguma forma, isso esteja relacionado ao ato. Provavelmente, também é considerável que um deles ou os dois, tivessem alguma espécie de transtorno mental que não seria necessariamente uma sociopatia. Podemos considerar um transtorno mental grave em um deles, um mais que o outro, ou ainda, um com ascendência sob o outro. Porém, vamos precisar aguardar o aprofundamento das investigações para concluir alguma hipótese", concluiu Vanessa.

A especialista ressaltou sobre a questão da desorganização social e a facilidade dos cidadãos no que diz respeito à flexibilidade da posse e do porte de armas de fogo.

"Evidentemente, uma desorganização da sociedade pode promover reações desajustadas nas pessoas. Contudo, em geral, as psicopatologias individuais são preponderantes nestes casos. Isso porque, temos situações semelhantes em diversos locais do mundo e com culturas distintas. Porém, isso não acontece somente no Brasil, embora um local desorganizado adoeça as pessoas. Acho que esses eventos têm múltiplos fatores. Não diria que os jogos violentos são o fundamento dos atos, mas podem influenciar quem já tenha alguma questão não resolvida.. Na verdade, crimes assim estão mais ligados com questões psicopatológicas individuais. Por isso, provavelmente, a facilidade no contato com armas de fogo aumentará o número de episódios parecidos e outros tipos de tragédia", lamentou.
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