Rodoviários da Auto Ônibus Brasília e da Expresso Barreto, em Niterói, entrarão em greve a partir de 20 de dezembro, caso a empresa não pague o 13º salário dos funcionários até aquela data, prazo limite determinado pela legislação para o cumprimento da segunda parcela da obrigação trabalhista. Até hoje (04), as companhias não depositaram nem mesmo os valores relativos à primeira parcela do benefício, o que deveria ter sido feito até 30 de novembro. O movimento paredista atingirá outras empresas da cidade, que também não efetuarem o pagamento, direito básico de todo trabalhador brasileiro.
A paralisação nas duas viações, se concretizada, atingirá dez linhas, que operam em bairros de Niterói, como Fonseca, Barreto, São Lourenço e Centro, além de Venda da Cruz e Morro do Castro, em São Gonçalo.
Na última sexta-feira (01), o Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac) enviou comunicado ao prefeito de Niterói, Axel Grael, e às secretarias de Urbanismo e Mobilidade e Trânsito e Transportes do município, informando sobre a decisão dos rodoviários e alertando quanto à gravidade da situação. As empresas alegam como motivo do não pagamento do 13º salário o atraso de sete meses no repasse das gratuidades por parte da administração municipal e o congelamento do valor das passagens de ônibus na cidade, que já dura quatro anos.
“O movimento grevista pode crescer até o Natal, caso outras empresas, que estão em condições financeiras precárias, decidam não cumprir com suas obrigações trabalhistas”, afirma o presidente do Sintronac, Rubens dos Santos Oliveira, que também encaminhou o comunicado à Justiça e ao Ministério Público do Trabalho.
A Auto Ônibus Brasília teve, em 2022, 16 ônibus apreendidos por decisão judicial em cobrança de dívida bancária e suspendeu a circulação de três linhas em Niterói, o que agravou sua crise financeira. A Barreto pertence ao mesmo grupo empresarial e também atravessa problemas de caixa para cumprir suas obrigações trabalhistas.
O Sintronac cobra ainda da Prefeitura a apresentação do estudo de reequilíbrio econômico do transporte público, anunciado pela própria municipalidade em julho de 2022, que poderá salvar as empresas de ônibus da cidade de um colapso total, com o estabelecimento de uma tarifa técnica, parcialmente subsidiada pelo governo.
“O poder público tem que entender que, na atual situação, a população será prejudicada, além dos trabalhadores. Esse modelo atual faliu. Precisamos urgentemente de um novo sistema e não há problema algum nos governos subsidiarem o transporte público, como já acontece em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e outras cidades. Aliás, em 2015, foi promulgada a Emenda Constitucional 90/15, que incluiu o transporte como um direito social, ao lado da educação e da saúde. Ou seja, o transporte é um direito constitucional do cidadão”, conclui o presidente do Sintronac.
As linhas afetadas pela possível greve em 20 de dezembro, serão, na Brasília: 28, Centro x Largo do Cravinho (Circular); 29, Centro x Largo do Cravinho (via Av. do Contorno); 41 BC, Venda da Cruz X Centro (Via Benjamin Constant); 41 JB, Venda da Cruz X Centro (Via João Brasil); 61, Venda da Cruz X Icaraí; e 67, Morro do Castro x Centro. As da Barreto serão: 42 SL, Barreto X Centro (via São Loureço); 42 T, Barreto X Terminal; 66 C, São Lourenço X Centro; e 66 I, São Lourenço x Centro.