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Hamas e Israel: uma história de violência

Um olhar histórico sobre o conflito entre o Hamas e Israel

Por Kaio Serra em 27/03/2019 às 11:08:51

partidários do Hamas queimam uma bandeira israelense durante uma manifestação em Gaza em 2009. Foto: Divulgação

Na última década, as forças israelenses lançaram uma série de grandes operações militares contra a Faixa de Gaza. A maioria dessas operações tem como alvo os pertencentes a figuras do Hamas.

Mas afinal, o que é o Hamas?

O Hamas é a organização política liderada por Ismail Haniya, que administra a Faixa de Gaza. Seu nome é um acrônimo de uma frase em árabe que se traduz como Movimento de Resistência Islâmica.

O Hamas, ou sua ala militar, as brigadas Al Qassam, são considerados terroristas por pelo menos 10 países ao redor do mundo. Outros, no entanto, veem como a administração legítima no território de Gaza.

Por que Israel ataca o Hamas?

Ambos têm uma longa história de inimizade entre si. Israel e o Hamas travara guerra em Gaza três vezes, Israel ainda realizou numerosas outras operações por causa das atividades do Hamas. Israel acusa o Hamas de lançar milhares de foguetes contra o território israelenses - ataques que mataram e mutilaram centenas de pessoas.

Um dos mais recentes resultou no ferimento de seis membros de uma família israelense, incluindo um bebê de 17 meses. Israel também acusa o Hamas de organizar protestos que ameaçam suas fronteiras. O Hamas pediu que os palestinos que foram forçados a se tornar refugiados durante as guerras de Israel sejam autorizados a voltar ao que o grupo diz ser sua terra natal.

O Hamas raramente comenta sobre suas atividades, mas em dezembro Ismail Haniya, líder do grupo, elogiou aqueles que se recusam a aceitar a "humilhação" nas mãos de Israel.

Quais foram os primórdios do conflito?

O Hamas, como muitos grupos no Oriente Médio, continua ressentido com a criação do Estado de Israel após a Segunda Guerra Mundial, algo promovido em grande parte pelas potências ocidentais. Nas décadas que se seguiram, Israel travou várias guerras e acabou ocupando a Cisjordânia e Gaza - território que a ONU não cedeu para Israel em 1947.

O Hamas e outros grupos palestinos acreditam que o território foi efetivamente roubado dos legítimos proprietários e ocupantes - o povo palestino.

Quando eles se tornaram inimigos?

O Hamas foi formado em 1987, quando a primeira Intifada - como ficou conhecida as insurreições dos palestinos de Cisjordânia contra Israel - começou. Na época, muitos palestinos estavam revoltados com o que achavam ser provocação de políticos israelenses e repressão pelos serviços de segurança, e se rebelaram violentamente.

O Hamas não foi o único grupo a se levantar - os manifestantes também vieram da Organização de Libertação da Palestina (OLP) e outros grupos. O primeiro levante chegou ao fim com os Acordos de Oslo, que definiram a estrutura para o autogoverno palestino na Cisjordânia e em Gaza.

Uma segunda intifada ocorreu em 2000, durante a qual militantes do Hamas foram acusados ??de realizar ataques suicidas e atentados a civis israelenses e estrangeiros. As forças de segurança israelenses também foram acusadas de abuso de direitos.

Como o Hamas chegou ao poder em Gaza?

Depois dos Acordos de Oslo, o Hamas boicotou o processo político até 2005, quando participou de eleições locais e legislativas. Na época, os territórios palestinos eram dirigidos pelo presidente Mahmoud Abbas e seu partido Fatah - que surgiu da OLP.

Em 2006, o Hamas ganhou mais assentos no Conselho Legislativo do que o Fatah, incomodando os que já estavam no poder e membros da comunidade internacional que esperavam continuar trabalhando com o Fatah.

Uma luta armada começou matando centenas e o Hamas tomou o poder em Gaza. O Fatah manteve o controle na Cisjordânia. O conflito levou o Egito e Israel a fechar suas fronteiras terrestres e começar um bloqueio. A retaliação do Hamas levou à primeira guerra entre Gaza e Israel em 2008.

O que o Hamas exige?

Após a sua fundação, foi elaborada uma carta que declara "que a Palestina foi doada aos muçulmanos por Deus e requer que todos os muçulmanos realizem a jihad (guerra santa) contra os inimigos que "usurpam" algumas terras islâmicas". Efetivamente, o Hamas queria trazer o fim de Israel e a restituição da Palestina.

Inicialmente, o grupo rejeitou categoricamente uma solução de dois estados - uma que envolve Israel e o povo palestino convivendo lado a lado com reconhecimento mútuo.

No entanto, em 2017, foi relatado que a carta havia sido retrabalhada, com o Hamas aceitando que um Estado palestino cairia dentro das fronteiras que existiam antes da Guerra dos Seis Dias de Israel em 1967. O grupo também pareceu remover elementos que haviam sido criticados como anti-semitas.

Os opositores afirmaram que as mudanças são movimentos cínicos para parecer mais aceitáveis ??para a comunidade internacional.

Acusações de violações de direitos humanos

O Hamas foi acusado de múltiplas violações dos direitos humanos em Gaza, incluindo execuções sumárias, sequestros e tortura.

Durante um recente protesto pacífico contra o alto custo de vida, que tem dificultado a vida dos palestinos comuns, o Hamas foi acusado de empreender uma repressão brutal. Também atirou contra jornalistas que investigavam a corrupção desenfreada no país minúsculo sem oposição política.

Várias mídias e ONGs forneceram evidências de que o Hamas dispara seus foguetes ou se abriga em áreas densamente povoadas - efetivamente usando os habitantes como escudos humanos.

A situação em Gaza também ajudou a desestabilizar países vizinhos como o Egito, onde militantes aproveitam o estado caos na fronteira para ganhar uma posição no Sinai.

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