A sífilis é uma Doença Sexualmente Transmissível (DST) que atinge mais de 12 milhões de pessoas segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Nos últimos dois anos foi declarada como um grave problema de saúde pública no Brasil e o último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde mostra que os casos de sífilis continuam aumentando. Chama atenção o crescimento dos casos em grávidas, o que é preocupante uma vez que a doença pode ser transmitida ao feto pelo contato com o sangue contaminado.
De acordo com o Boletim, de 2017 para 2018 o número total de casos de gestantes com sífilis aumentou em 28,4%, ocasionando milhares de mortes fetais ou neonatais. Para o ginecologista Daniel Pereira Mandarino, o aumento dos casos é alarmante. “Os casos de sífilis em gestante apresentaram um crescimento real. A doença precisa ser tratada de maneira adequada ainda durante a gestação já que a transmissão acontece antes mesmo do parto”, explica.
A chance de transmissão da sífilis para o bebê pode chegar a quase 100% dependendo da fase da doença e período da gestação. Sem o controle adequado, ela pode causar diversos problemas como abortamento espontâneo, óbito fetal ou neonatal e sífilis congênita – capaz de que gerar alterações nos ossos, fígado, baço, pele, pulmões, rins, entre outros órgãos. “Se os protocolos de tratamento são seguidos de maneira adequada esse risco pode ser bem minimizado”, detalha o especialista.
A prevenção da sífilis durante o período gestacional é prevista no Plano Plurianual (PPA) do governo federal como uma prioridade e o exame VDRL (Venereal Disease Research Laboratory), responsável por detectar a doença, está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). O VDRL é um exame rápido e em cerca de 30 minutos o paciente recebe o resultado. Pode ser realizado antes de engravidar e também a cada trimestre da gestação.
“O tratamento para gestantes é o mesmo seguido pelos outros pacientes, com doses de Penicilina Benzatina dependendo da fase da doença”, conta Mandarino. A Penicilina Benzatina é o único medicamento capaz de prevenir a transmissão vertical, ou seja, de passar a doença para o bebê. Vale lembrar que, como toda DST, a sífilis pode ser evitada com o uso de preservativos, tanto femininos quanto masculinos.