"As complicações são ampliadas pela falta de recursos especializados e pela ênfase predominantemente infantil nos serviços de saúde mental. Muitos apresentam a percepção de que tratar adolescentes e adultos com TEA é difícil devido a desafios comportamentais e ao início tardio do tratamento. Porém, isso é bastante relativo. A intervenção ainda é viável e melhora significativamente a qualidade de vida deles. Adaptações nos métodos de assistência são fundamentais para atender às necessidades específicas dos mais velhos e resultados positivos podem ser alcançados com uma abordagem multidisciplinar”, explica Denise Rodrigues, psicoterapeuta cognitivo comportamental e coordenadora do curso de Psicologia da UNINASSAU Rio de Janeiro.
Além disso, a ausência de um diagnóstico durante a infância pode resultar em uma série de dificuldades ao longo da vida, como experiências prolongadas de bullying e desafios na interação social. E, por conta disso, há a possibilidade de muitos indivíduos desenvolverem mecanismos de enfrentamento próprios com o passar dos anos, mesmo sem um laudo formal.
Logo, a transição para a idade adulta costuma apresentar novos desafios para pessoas com autismo. “A necessidade de apoio psicoterápico pode persistir e é importante garantir acesso a serviços adequados. A falta de recursos especializados representa uma barreira significativa, exigindo uma maior conscientização e investimento em programas de suporte contínuo”, ressalta Denise.
O debate sobre o Transtorno do Espectro Autista deve se estender além da infância e abranger todas as fases da vida. Reconhecer os desafios enfrentados por adolescentes e adultos é o primeiro passo para oferecer o apoio necessário. Ao promover uma compreensão mais ampla e inclusiva do autismo em todas as idades, é possível garantir que cada indivíduo receba o suporte necessário para alcançar plena qualidade de vida.