A cultura brasileira está de luto. Morreu, na noite desta quinta-feira (25), no Rio, aos 77 anos, a carnavalesca, figurinista, cenógrafa e artista plástica Rosa Magalhães. Maior campeã da Marquês de Sapucaí, a "Professora" como era carinhosamente chamada no mundo do samba, sofreu um infarto. O velório de Rosa está acontecendo, no Palácio da Cidade, em Botafogo, até às 16h, aberto ao público.
Dona de oito títulos no Carnaval carioca, atuou nas escolas de samba Beija-Flor, Império Serrano, Tradição, Estácio de Sá, Salgueiro, Imperatriz Leopoldinense, União da Ilha, Vila Isabel, Mangueira, São Clemente, Portela e Paraíso do Tuiuti. Teve passagem, também, pelos desfiles de São Paulo.
Além das vitóras na Sapucaí e de muitos troféus no Carnaval, seus principais prêmios foram o Emmy de Melhor Figurino, pela abertura Jogos Pan-Americanos de 2007; dois prêmios MinC; prêmios Carlos Gomes; Ordem do Mérito Cultural; e Medalha de Prata, oferecida pelo governo da Áustria.
Formada pela Escola de Belas Artes (EBA) da UFRJ, também foi professora da instituição. Assinou figurinos e cenários para dezenas de espetáculos teatrais.
Escreveu três livros: "Fazendo Carnaval" (Ed. Nova Aguilar) e "O inverso das origens", junto com Maria Luiza Newlands (Ed. Nova Terra), e "E vai rolar a festa..." (Editora Nova Terra). A última publicação é um relato sobre sua experiência de criar e produzir a festa de encerramento das Olimpíadas de 2016 e as cerimônias de abertura e encerramento do Pan-Americano do Rio.
Em 2019, teve sua trajetória transformada em biografia. "Rosa Magalhães — A moça prosa da avenida", de Luiz Ricardo Leitão, foi lançada pela Uerj, mesma instituição que, em 2002, concedeu-lhe o título de doutora "honoris causa". Em 2023, foi tema do documentário "Rosa – A narradora de outros Brasis", de Valmir Moratelli e Libário Nogueira.
Rosa Lúcia Benedetti Magalhães era filha dos escritores Raimundo Magalhães Júnior, imortal da Academia Brasileira de Letras, e de Lucia Benedetti. A artista morava em Copacabana, na Zona Sul, e não gostava muito de frequentar eventos sociais. Preferia ficar em casa, perto dos livros e dos cachorros, suas grandes paixões. Durante os últimos anos, trabalhou ao lado de Mauro Leite e de Alessandra Cadore, seus assistentes. A carnavalesca não tinha filhos.
Diversas escolas do Carnaval carioca e de São Paulo divulgaram notas de pesar.