O Dia Mundial do Orgasmo, celebrado neste dia 31 de julho, é uma oportunidade para refletir sobre a saúde sexual masculina, um tema frequentemente cercado por mitos e desinformação. Um dos paradoxos do assunto é: ejaculação é sinônimo de prazer? Uma pergunta que desafia a compreensão comum sobre a sexualidade dos homens.
De acordo com Carmita Abdo, psiquiatra e professora do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), ejaculação e orgasmo são dois eventos fisiológicos distintos, com vias neurológicas independentes, mas que ocorrem quase simultaneamente na maioria dos homens saudáveis.
Um exemplo clássico de orgasmo sem ejaculação ocorre em homens que passam por cirurgia para retirada da próstata devido ao câncer. “Esses pacientes não conseguem mais ejacular porque a produção de esperma é suprimida”, explica. Contudo, Abdo observa que “apesar de ainda poderem experimentar orgasmos, muitos desses homens enfrentam uma profunda insatisfação, uma vez que a ausência de ejaculação compromete o prazer da conclusão do ato sexual”.
A falsa percepção de satisfação
Do outro lado existe a ejaculação precoce, que afeta entre 20% e 30% dos homens em algum momento da vida, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), e é uma das disfunções sexuais mais comuns. Este problema não está relacionado à idade, e seus fatores de risco são, em grande parte, pouco conhecidos. Carmita Abdo explica que homens com ejaculação precoce frequentemente não alcançam o clímax completo, pois a frustração com a ejaculação antecipada se contrapõe ao prazer necessário para o orgasmo, resultando em insatisfação.
Desta forma, embora homens com ejaculação precoce possam em tese alcançar o orgasmo, a experiência é muitas vezes comprometida. “A ejaculação precoce se caracteriza pelo desequilíbrio de neurotransmissores, influenciando diretamente o ciclo de resposta sexual. Esse desequilíbrio químico acelera o ciclo, impactando a capacidade do homem de aproveitar etapa por etapa até concluir o ato sexual de maneira satisfatória”, alerta.
Como ressalta Abdo, há homens que têm orgasmos sem ejaculação, mas há ejaculação sem orgasmos O impacto emocional dessas condições pode ser tão significativo que o prazer do clímax passa despercebido. “Valorizar e usufruir do prazer como uma experiência completa, é gratificante, além de essencial para uma vida sexual saudável”, observa.
A especialista pontua que datas como essa são importantes para lembrar à população que é possível reverter essas condições. No caso da ejaculação precoce, por exemplo, Abdo explica que o tratamento envolve psicoterapia e medicamentos que ajudam a equilibrar os neurotransmissores, permitindo uma ejaculação mais compassada, acompanhada de um orgasmo mais intenso. “O conhecimento de como o sexo funciona é um diferencial para um melhor desempenho sexual e para qualidade de vida”, afirma.