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Símbolo da ancestralidade

Manto Tupinambá retorna ao Brasil após 300 anos na Dinamarca

Peça sagrada dos indígenas tem1,20 metro de altura por 80 centímetros de largura e ficará no Museu Nacional


Foto: Ricardo Stuckert/PR

Na última quinta-feira (12), a Quinta da Boa Vista foi palco da cerimônia oficial em homenagem ao retorno do Manto Tupinambá ao Brasil após mais de 300 anos na Dinamarca. O evento contou com a presença do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva; da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara; do secretário executivo do Ministério da Educação, Leonardo Barchini; do secretário executivo do Ministério da Cultura, Márcio Tavares; do secretário de Promoção Comercial, Ciência, Tecnologia e Inovação e Cultura do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Laudemar Aguiar, e com a participação de uma comitiva Tupinambá de aproximadamente 170 pessoas que vieram de Olivença, Bahia, para se encontrar com o item sagrado.

“Hoje, eu venho aqui com muita alegria, pois é um dia de festa para nós, povos indígenas do Brasil. Aguardamos ansiosamente, por mais de 400 anos pelo retorno do Manto Tupinambá. Isso é um símbolo de resistência, da espiritualidade e da ancestralidade do nosso povo. O manto volta ao seu país de origem, após séculos de ausência, graças a incansável luta das lideranças Tupinambás e a colaboração de todas as instituições envolvidas tanto aqui quanto na Dinamarca”, disse a ministra dos povos indígenas, Sonia Guajajara.

O Manto Tupinambá é uma peça com cerca de 1,20 metro de altura, por 80 centímetros de largura. Feito de penas vermelhas de guarás, um pássaro encontrado em regiões costeiras, o manto era utilizado pelos povos Tupinambás em rituais e cerimônias. Ele é um símbolo de poder, espiritualidade e identidade para os indígenas que habitaram o litoral brasileiro durante o período colonial. Apenas figuras de grande importância, como líderes e guerreiros, usavam o manto, o que reforça seu valor como emblema de prestígio e autoridade dentro da sociedade Tupinambá.

O retorno do Manto Tupinambá ao Brasil é resultado de um processo diplomático e cultural complexo, que envolveu negociações entre o governo brasileiro e da Dinamarca, incluindo o Ministério das Relações Exteriores (MRE), por meio da Embaixada do Brasil em Copenhague, assim como os respectivos Museus Nacionais e lideranças Tupinambá da Serra do Padeiro e de Olivença (BA).

Chegada dos Tupanambás

No último sábado (07), os Tupinambás chegaram ao Museu Nacional e se alojaram próximos ao local onde o Manto Tupinambá está guardado, na Biblioteca do Museu. Na terça-feira (10), a comitiva teve seu primeiro acesso ao manto após a realização de rezas e rituais tradicionais. No dia seguinte, quarta-feira (11), um grupo de anciões Tupinambás teve seu momento de conexão com o manto, realizando seus próprios rituais. A visita dos Tupinambás ao Rio de Janeiro foi viabilizada por uma articulação e um processo de escuta promovido pelo Ministério dos Povos Indígenas (MPI), que visitou as aldeias de Olivença e Serra do Padeiro, na Bahia, para dialogar com a comunidade e facilitar sua aproximação ao Museu, garantindo que pudessem realizar seus rituais e cumprir seus costumes em relação a essa vestimenta sagrada. Esta iniciativa do MPI segue as diretrizes da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual o Brasil é signatário, que exige que os povos indígenas sejam consultados em assuntos que impactam suas vidas. Reconhecidos oficialmente como povo indígena pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em 2001, os Tupinambás da Bahia somam cerca de cinco mil pessoas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso emotivo e contundente, destacando a importância do manto como símbolo de resistência e de identidade dos povos indígenas brasileiros.

“É um privilégio extraordinário participar como Presidente da República, desse momento tão especial, não só para os povos indígenas, mas também para a história de todos nós. O retorno do manto sagrado Tupinambá, até então, parte do acervo do Museu Nacional da Dinamarca é um marco e o começo de uma nova história de conquista”. E completou, agradecendo ao Museu Nacional pelos cuidados ao manto sagrado, mas ressaltou que o lugar dele não é ali, mas sim perto do seu povo de origem, na Bahia.

“Espero que todos compreendam e que tenhamos o apoio do governador da Bahia, que me disse que é Tupinambá também. Ele tem a obrigação e o compromisso histórico de construir na Bahia um lugar que possa receber o manto e preservá-lo.”

Ao final do discurso, o presidente conclamou todos os brasileiros a reconhecerem e respeitarem a contribuição dos povos indígenas para o Brasil e reforçou o compromisso de seu governo com a justiça social e cultural.

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