A nova "brincadeira" de armas de gel entre jovens da periferia do Rio de Janeiro preocupa especialistas em segurança e tem afetado a ordem pública nos locais públicos. Crianças, adolescentes e adultos se reúnem carregando as chamadas “gel blasters”, em formato de revólveres e fuzis, e vestem roupas escuras para simular confrontos entre equipes nas ruas, como mostram imagens que viralizaram na internet. Embora as “armas de gel” tenham cores chamativas, a estrutura e tamanho são similares às armas de fogo, o que pode causar problemas ao serem vistas por policiais ou bandidos, sem contar os sérios riscos de ferimentos que podem ser provocados pelas balas de gel.
No dia 29 de setembro, o motáxi Pedro Henrique Figueiro da Silva, 28 anos, foi morto por criminosos de uma facção após serem encontradas imagens no celular da vítima portando uma “arma de gel” em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Segundo a polícia, os bandidos possivelmente confundiram a arma de brinquedo com um fuzil de verdade. Um caso recente que exemplifica a problemática que cerca o uso das “gel blasters” na capital fluminense.
A arma de gel é um produto importado da China e pode ser adquirida em lojas online ou até mesmo no Saara, polo comercial no Centro do Rio de Janeiro. A facilidade de encontrar esse novo brinquedo é tão grande que os preços são acessíveis, variando entre R$ 50 e R$ 700, de acordo com os modelos. As bolinhas de gel, que são as munições dessas armas, são pequenas esferas que expandem de tamanho ao serem colocadas em contato com a água e custam cerca de R$ 20 a cartela.
O Especialista em Segurança Pública e Instrutor de Armas, Rildo Anjos, que é militar da reserva, alerta sobre o perigo de brincar com as “armas de gel” em uma cidade com um histórico de insegurança como o Rio de Janeiro. “Na situação de constante medo que os moradores do Rio vivem, essa prática, que não deveria ser considerada uma brincadeira, pode gerar transtornos para aqueles que não sabem da existência das armas de gel", disse.
O Estatuto do Desarmamento entende que a fabricação e comercialização de réplicas e simulacros de armas de fogo é proibida no Brasil. O uso desses objetos em simulação de confrontos ou como forma de ameaça também é vedada por lei. Além dos disparos de uma “arma de gel” poder machucar gravemente os olhos, o uso dessa peça em locais públicos causa a sensação de insegurança e preocupação constante para as pessoas que não estão participando da brincadeira.