César Grosso descobriu a escalada esportiva em 1995, na escola, novidade nas suas aulas de Educação Física. Tinha 10 anos de idade. De lá para cá, o atleta paulista não parou mais. Hoje, acumula títulos, treina e compete na Europa, buscando evoluir cada vez mais. Seu objetivo é a vaga nos Jogos de Tóquio-2020, quando a escalada fará a estreia como esporte olímpico. A próxima competição de César, melhor brasileiro no ranking mundial (36º), será na Alemanha. Neste sábado (18) e domingo (19), disputará a etapa de Munique da Copa do Mundo de Escalada – categoria Boulder.
Em 2018, a Copa do Mundo em Munique contou com a participação de 228 atletas – 126 no masculino e 102 no feminino. Em 2019 serão 274 competidores. “É muito concorrida, bem organizada e fechava a competição, mas este ano terá mais uma disputa, depois, em Vail”, afirma o escalador, que nesta temporada está participando de três das seis etapas: Meiringen, na Suíça, Moscou, na Rússia, e Munique. Completam o calendário duas na China e a de encerramento, nos Estados Unidos.
A escalada esportiva é praticada em paredes artificiais. No Boulder, categoria voltada para explosão, os atletas competem em paredes baixas, sem cordas, realizando movimentos fortes e explosivos. A escalada conta ainda com Lead (Dificuldade), disputada em paredes altas, com vias inéditas, de alta dificuldade, vencendo quem chegar mais alto, e com a Speed (Velocidade), em que dois escaladores enfrentam a mesma via, ganhando quem for mais rápido.
Em Tóquio, escalada será no formato combinado - Para conquistar a vaga em Tóquio, é preciso estar preparado para competir nas três categorias, no chamado formato combinado. César participará do Boulder, em Munique, ao mesmo tempo em que já iniciou sua preparação para as etapas de Lead, que começam em julho, na Suíça. Assim como disputará o Mundial Boulder, Lead e Speed em Hachioji, no Japão, no mês de agosto, e o Campeonato Pan-Americano Combinado, em 2020, nos Estados Unidos.
César já foi campeão sul-americano Lead, vice-campeão pan-americano Boulder e competiu pela primeira vez na modalidade olímpica combinada, ficando entres os cinco melhores no Pan-Americano de 2018. Foi o único brasileiro a disputar todas as finais individuais e, também, garantir lugar na decisão combinada. Ocupa atualmente a 36ª colocação no ranking mundial da Federação Internacional de Escalada Esportiva (IFSC). E realiza também, além das competições, escalada em rochas.
"A maior chance de vaga olímpica para o Brasil será na disputa do Campeonato Pan-Americano, em 2020, e é preciso ser o campeão para estar em Tóquio. Por isso, o objetivo principal, na Copa do Mundo, é manter uma boa colocação entre os atletas pan-americanos que participam da etapa, além de buscar pontuar para um evento especial, seletivo, marcado para Toulouse, na França, no mês de novembro”, explica César, que tem apoio do ClimbMania, Casa de Pedra, França e Associados e SBI Outdoor. No evento de Toulouse, de 27 de novembro a 1º de dezembro, participarão somente os 20 melhores colocados na Copa do Mundo e serão selecionados seis atletas para os Jogos Olímpicos.
Entre seus principais adversários, no Pan-Americano estão os equatorianos Danny Valencia e Carlos Granja, assim como os norte-americanos, que têm investido muito em treinamentos e nas competições, com nomes como o de Rudolph Drew Ruana. Outro destaque fica para o canadense Sean Maccoll, que já ganhou várias etapas da Copa do Mundo. “É uma logística de treinos bem complexa, uma novidade para todos os atletas, o treinar e competir nas três modalidades visando Tóquio. Mas é o meu grande objetivo”, completa César.
Seletivas definem as vagas - Para definir os 20 atletas no masculino e os 20 no feminino que estarão em Tóquio serão realizadas três seletivas, além de duas vagas decididas por um comitê. No máximo dois representantes por país competirão no formato combinado (Speed, Lead e Boulder). A primeira seletiva será em agosto deste ano, no Campeonato Mundial em Tóquio, definindo sete vagas. A segunda está marcada para novembro, na França, no evento especial da IFSC em Toulouse – seis se classificarão para os Jogos. Os campeonatos continentais, de fevereiro a maio de 2020, farão parte da terceira seletiva. Os cinco campeões continentais garantem lugar no Japão. Haverá ainda uma vaga coringa, dada a um país que esteja desenvolvendo a escalada, em decisão de um comitê formado pela IFSC, COI (Comitê Olímpico Internacional) e Comitê Organizador, além da vaga para o país-sede.
Principais conquistas – César conquistou seu primeiro título brasileiro – Lead em 2003. De 2006 a 2009, comemorou em Lead e Boulder, assim como em 2012, sendo o único hexacampeão brasileiro de escalada de dificuldade. Ao longo da carreira foi campeão sul-americano – Lead; vice-campeão pan-americano – Boulder; vice campeão sul-americano – Boulder; top 5 pan-americano – Combinada; seis vezes campeão brasileiro – Lead; quatro vezes campeão brasileiro – Boulder; duas vezes campeão Master of Bouldering – Boulder; 15° colocado na Copa do Mundo, etapa Barcelona – Lead; melhor brasileiro overall no Mundial Innsbruck 2018; recordista brasileiro de velocidade.