'A vida invisível de Eurídice Gusmão' vence em Cannes e Karim Aïnouz relembra situação política brasileira

No final da tarde desta sexta-feira (24), o filme brasileiro "A vida invisível de Eurídice Gusmão", do diretor Karim Aïnouz, venceu a mostra paralela "Um certo olhar" em Cannes. O longa-metragem concorria com mais 18 títulos e faturou o prêmio principal.

A trama, que conta a história de duas irmãs, foi inspirada na obra literária de Martha Batalha. Além disso, ele era o único filme brasileiro da seleção oficial. Já nas suas exibições tinha sido bastante aplaudido, tanto sessão de gala quanto nas projeções para a imprensa.

Sua história apresenta a vida das irmãs Guida e Eurídice. Duas jovens, filhas de portugueses que vivem no Rio de Janeiro da década 50. Quando são separadas pelo destino, o diretor convida os espectadores a conhecer como vidas tão interligadas evoluem de forma paralela e como os seus sonhos são massacrados por uma sociedade machista e conservadora.

No elenco, as atrizes Fernanda Montenegro e Carol Duarte se intercalam como a personagem Eurídice. No seu discurso, Karim Aïnouz homenageou as artistas e lembrou da importância de Fernanda para o cinema nacional.

"Tenho muita honra de estar representando o Brasil. Eu queria muito celebrar os outros filmes brasileiros que estão na seleção este ano. Uma seleção impressionante. Eu queria também dizer que a gente está passando por um momento de intolerância muito grande no Brasil. Algo que é muito forte. As ameaças contra a educação, a cultura, a criatividade e a diversidade são gigantescas. Portanto, queria dedicar esse prêmio a vivacidade do cinema brasileiro. Dedicá-lo as minhas atrizes que estão aqui. Agradecer aos meus produtores Viola, Maicon e o Rodrigo. E sobretudo, a Fernanda Montenegro que é uma atriz impressionante. Além de todas as mulheres do mundo! Que o futuro seja melhor que o presente", celebrou Aïnouz.