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Síndrome dos Ovários Policísticos: mudando a perspectiva de tratamento

Doença que afeta mais de 116 milhões de mulheres no mundo é a maior causa de alterações nos ciclos menstruais e pode dificultar a gravidez

Por Portal Eu, Rio! em 27/05/2019 às 18:47:00

Foto: Pixabay

A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é um distúrbio hormonal e a principal causa de alterações menstruais e de disfunção ovariana entre as mulheres e que tem como consequência um aumento na dificuldade de gravidez, afetando 20% das mulheres durante a fase reprodutiva.  A doença ocorre pela alta produção de testosterona (androgênios) no organismo feminino e pode ter início na vida intra-uterina, manifestando-se na puberdade e continuando durante os anos reprodutivos, estendendo-se até a menopausa. Durante este período, as mulheres têm mais probabilidades de desenvolver doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, diabetes e outras complicações metabólicas.

De acordo com a ginecologista e especialista em reprodução humana, Dra. Maria do Carmo Borges de Souza, durante os anos reprodutivos, além da dificuldade de engravidar pela frequente diminuição dos ciclos ovulatórios, os ovários mostram-se cheios de pequenos folículos, (mais de 10-12 em cada ovário) condição que caracteriza a situação de ovários policísticos ou microcísticos. "Esta alteração pode ainda aumentar as possibilidades de complicações de uma gravidez, determinando abortamentos espontâneos, diabetes gestacional e pré-eclâmpsia", explica a médica.  

Segundo a especialista, esse problema ocorre porque as mulheres que possuem a doença são frequentemente insulino-resistentes, ou seja, apresentam uma dificuldade na metabolização da glicose (fonte de energia das células), levando a uma maior necessidade de produção de insulina pelo pâncreas e a uma diminuição na produção de hormônios carreadores dos hormônios sexuais pelo fígado. "Essa condição resulta em um quadro geral no organismo de aumento de insulina (hiperinsulinemia) e aumento da produção ovariana dos androgênios (hiperandrogenemia). É fácil então entender que a persistência desta situação vai ter consequências sobre a vida destas mulheres", acrescenta.

O tratamento é baseado na mudança do estilo de vida, a mulher precisa de uma dieta saudável, com ordenamento das refeições e prática de atividades físicas, principalmente quando apresenta aumento de peso. Pela relação alterada entre os níveis da glicose sanguínea e da insulina, a intervenção medicamentosa mais conhecida é a utilização de substâncias denominadas “sensibilizadoras da insulina”, que visam reverter este quadro, permitindo a normalização das taxas de insulina, acompanhada da regularização dos ciclos menstruais, melhora das  condições da pele, melhora das condições de peso (60 a 70% apresentam alterações  de peso) e restabelecimento da fertilidade, entre outros aspectos.   

De acordo com a Dra. Maria do Carmo, os medicamentos mais usados para tratar o distúrbio são as chamadas biguanidas, das quais a mais conhecida é a Metformina, bastante usada no tratamento do diabetes tipo 2. "Uma paciente de SOP e com hiperinsulinemia pode não ser diabética, mas se beneficia de efeitos de correção do metabolismo no fígado e na produção dos androgênios pelos ovários", explica. 

O uso da metformina pode causar náuseas, diarreia, perda de apetite, gosto metálico na boca, entre outros, que por vezes dificultam o início do tratamento ou sua manutenção. "Quando há gravidez, a metformina é considerada um remédio de Categoria B, isto é, não tem efeitos teratogênicos (causador de malformações) demonstrados, pode ser usado com cautela no 1º trimestre de uma gravidez e, a partir daí seu uso merece uma avaliação mais cuidadosa de risco/benefícios", relata a Dra. Maria do Carmo.   

Nos últimos anos a literatura médica especializada tem introduzido o uso de "inositóis" no tratamento da Síndrome do Ovário Policístico. Como novos agentes “sensibilizadores de insulina” o mio-inositol tem se mostrado capaz de interferir positivamente em todos os parâmetros metabólicos da  hiperinsulinemia e do hiperandrogenismo, sem os efeitos indesejáveis da metformina e sem preocupações quanto ao seu uso em grávidas, restabelecendo entre 3 a 6 meses a regularidade dos ciclos, a ovulação e a qualidade dos óvulos em ciclos de fertilização in vitro. "É uma nova perspectiva, vez que se tratam de vitaminas do complexo B, atuando diretamente junto à insulina ao ativar mecanismo que permite a absorção da glicose pela célula", conclui a especialista.

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