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312 cidades têm risco de poliomielite, segundo Ministério da Saúde

São Paulo é o estado com mais cidades com maior risco

Por Cristina Ramos em 09/07/2018 às 16:06:01

Aldoney Costa adquiriu poliomielite aos quatro anos de idade, em Jacareacanga, Pará. (Arquivo pessoal)

Ministério da Saúde admite haver alto risco de retorno da poliomielite em pelo menos 312 cidades brasileiras, 44 só no estado de São Paulo. Estão na lista de maior risco, municípios que não atingiram nem 50% da cobertura vacinal. Governo paulista recomenda aos pais que levem as crianças aos postos de saúde antes mesmo da campanha marcada para agosto.

Não bastasse o alerta contra o sarampo, o Ministério da Saúde adverte também a baixa cobertura vacinal contra a poliomielite, que foi de 78% na média nacional em 2017. De acordo com o órgão, o risco de poliomielite ou "paralisia infantil" existe em todos os municípios que estão com coberturas abaixo de 95%. Somente os estados brasileiros que têm índices de vacinação acima desta porcentagem são: Ceará, Rondônia e Mato Grosso do Sul.

Dados da Organização Mundial da Saúde mostram que o Brasil está livre da poliomielite - doença infectocontagiosa grave - desde 1990. Mas, um mapeamento da pasta aponta que em 312 cidades brasileiras, menos da metade das crianças menores de um ano foram vacinadas.

Amapá, Rio Grande do Norte, Pará, São Paulo e Bahia são os cinco estados com os piores índices de cobertura vacinal contra a paralisia infantil.Em Ribeira do Pombal, na Bahia, esse índice é de 0.5%.

A coordenação do Programa de Imunização do Amapá onde apenas mais de 62% das crianças são vacinadas, citou os principais problemas que colocam o estado abaixo da média de vacinação contra a poliomielite: Unidades Básicas funcionando em apenas um turno e baixa procura da vacina pelos pais ou responsáveis.

A pasta destaca ainda que alguns municípios têm dificuldade de informar os dados vacinais no programa do SUS devido a problemas de acesso à Internet.

A vacina é a única forma de prevenção da Poliomielite e de outras doenças que não circulam mais no país. A próxima Campanha Nacional de Vacinação contra a paralisia infantil será de 6 a 31 de agosto.

Os bebês devem receber a imunização aos dois, quatro e seis meses. Aos 15 meses, recebem o reforço.

Todas as crianças menores de cinco anos também devem tomar as duas doses durante a Campanha Nacional, mesmo que já tenham sido vacinadas anteriormente.

Segundo o Ministério da Saúde, até a primeira década de 1980, a poliomielite apresentou alta incidência no Brasil. O maior número de casos registrados foi no Nordeste e no Sudeste. Em 1989, houve registro do último caso da doença no país. O Brasil levou mais de cinco anos para estabilizar a circulação do vírus da poliomielite.

Em 1994, o certificado de eliminação da doença foi emitido para toda a região das Américas pela Organização Mundial da Saúde.

A vacina contra a poliomielite no Brasil é oferecida o ano inteiro em todos os postos de saúde.

O Ministério da Saúde realiza campanhas nacionais duas vezes ao ano. A vacina pode ser aplicada a qualquer momento.

Sobre a poliomielite

A poliomielite é uma doença infectocontagiosa aguda, causada por um vírus que vive no intestino, denominado Poliovírus. Embora acometa com maior frequência em crianças, pode ocorrem também em adultos. O período de incubação da doença varia de dois a 30 dias sendo, em geral, de sete a 12 dias.

A maior parte das infecções apresenta poucos sintomas (forma subclínica) ou nenhum. São parecidos com os de outras doenças virais ou semelhantes às infecções respiratórias como gripe - febre e dor de garganta -; ou infecções gastrintestinais - náusea, vômito, constipação (prisão de ventre), dor abdominal e, raramente, diarreia.

Cerca de 1% dos infectados pelo vírus pode desenvolver a forma paralítica da doença, que pode causar sequelas permanentes, insuficiência respiratória e, em alguns casos, levar à morte. Em geral, a paralisia se manifesta nos membros inferiores de forma assimétrica - ocorre apenas em um dos membros. As principais características são a perda da força muscular e dos reflexos, com manutenção da sensibilidade no membro atingido.

Aldoney Costa, químico industrial, 61, natural de Santarém, no Pará, adquiriu poliomielite aos quatro anos de idade, em Jacareacanga. O pai era militar da Aeronáutica e foi destacado para trabalhar na pista de pouso dessa cidade.

Hoje, servidor público concursado, ressalta "você tem que encarar a doença com naturalidade. Se você encarar como dificuldade vai passar a ter dois problemas: um de cabeça e outro físico. E o apoio da família e dos amigos é fundamental. A minha vida é totalmente normal. Sou casado, tenho dois filhos, um de 31 anos e outro de 25. Não tem nenhuma diferença. Apenas algumas restrições", finaliza.

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