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Governo Marcelo Crivella: um ano e meio confundindo política e religião

Várias ações de seu governo beneficiaram pessoas ligadas à Igreja Universal

Por Anderson Madeira em 10/07/2018 às 10:30:57

(Ascom PRB/Divulgação)

Durante a campanha eleitoral, o então candidato do PRB, o senador e bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), prometera não misturar política e religião. Porém, após um ano e meio de gestão como prefeito do município do Rio de Janeiro, o segundo maior do Brasil e vitrine cultural do país, o que se viu foi justamente o contrário. Começou com censo religioso em órgãos públicos até culminar na reunião (quase) secreta no Palácio da Cidade, com lideranças evangélicas, em que ele prometeu acelerar as cirurgias para catarata.


Em agosto do ano passado, a prefeitura distribuiu um questionário ao efetivo da Guarda Municipal do Rio perguntando a religião de cada agente. A iniciativa repetiu-se em outros órgãos públicos para preenchimento de cargos. Na época, o deputado estadual Átila Nunes (MDB), entrou com representação no Ministério Público do Estado, alegando que o questionário feria um direito constitucional. O governo alegou que o objetivo era oferecer assistência religiosa aos agentes, que ninguém era obrigado a se identificar e o questionário não era obrigatório.


Algo semelhante foi feito em setembro passado, pela Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos que distribuiu a idosos e pessoas de baixa renda um formulário de inscrição do programa Rio Ar Livre, destinado a quem quisesse praticar exercícios físicos nas academias populares instaladas em algumas praças da cidade. O questionário perguntava ainda a cor da pele das pessoas. Após críticas de usuários a pasta explicou que o formulário servia para identificar o perfil socioeconômico dos beneficiados pelo programa.

Ruas de favelas com nomes bíblicos

Em outubro do ano passado, através de decreto, o prefeito "batizou" com nomes bíblicos ruas da Favela São João, que integra o Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio. Nomes como Rua Adoração, Rua Éden e Travessa Monte Sião, foram criticados por moradores da comunidade. Moradores disseram que não foram consultados. Houve casos explícitos de aparelhamento da máquina pública. A Igreja Universal realizou eventos em escolas públicas municipais, como o Ciep Gustavo Capanema, no Complexo da Maré e na Escola Municipal Joaquim Abílio Borges, no bairro do Humaitá. Nestes estabelecimentos foram promovidas ações sociais pelo Grupo de Evangelismo da Catedral de Del Castilho, templo da Iurd. Nos eventos foram oferecidas assistência médica e jurídica, cestas básicas e quentinhas, além de palestras para mães solteiras e mulheres vítimas de violência doméstica. Em 24 de outubro, a Secretaria de Educação publicou resolução regulamentando o uso destes espaços para tais fins.

Caminhão da Comlurb dentro de templo religioso

Outro exemplo aparelhamento da máquina pela Universal ocorreu em maio deste ano, quando um caminhão da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) foi flagrado fazendo limpeza dentro do templo da Iurd, no bairro de Bonsucesso (zona norte). Após o flagra, a Comlurb e a Secretaria Municipal de Conservação prometeram investigar a utilização dos veículos públicos pela Iurd, mas até agora não apresentaram resultados.

Nomeações de membros da Igreja
Crivella também nomeou pessoas ligadas à direção da Universal para cargos na administração municipal. Como Fábio Macedo, primo do bispo Edir Macedo (líder maior da Igreja e tio de Crivella), como administrador da sede prefeitura, na Cidade Nova. Na época, o prefeito disse à imprensa: "Posso garantir que a prefeitura não ajuda a Igreja Universal. Ao contrário, é ela que nos ajuda na missão de servir a todos".

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