Funcionários de firma que presta serviços no Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim, na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio, e de empresas aéreas participavam de um esquema de envio de cocaína para a Europa através de malas despachadas para as aeronaves, aponta uma investigação feita pelo Ministério Público Federal e a Polícia Federal.
O auge do trabalho foi a apreensão em 6 e 7 de setembro de 2017, de 296 quilos de cocaína sendo 65 kg em malas de viagens no próprio aeroporto e outros 231 kg recolhidos em um galpão localizado no Mercado São Sebastião, na Penha, na Zona Norte,
"Essa quadrilha infiltrava malas contendo cocaína nas aeronaves com destino à Europa", aponta relatório da investigação.
Os donos das drogas eram dois albanenses. Um deles foi flagrado com US$ 807 mil em um apartamento, em São Paulo. O suspeito entrou no país usando passaporte falso.
Segundo a investigação, um funcionário de uma prestadora de serviços do aeroporto era tido como peça essencial no esquema de internação de drogas nas aeronaves. Ele trabalhava há mais de 20 anos no Aeroporto Internacional Tom Jobim, tinha amplo conhecimento da rotina e se sentia muito à vontade para impor seu preço aos demais integrantes da organização criminosa,.
"Ele era o tratorista que levava as malas para as aeronaves e era referido nas interceptações telefônicas como “o cara que conseguia colocar as malas no avião", aponta os autos.
Em interceptações telefônicas feitas com autorização judicial, ele teria cobrado US$ 20 mil para “fazer a parada”, ou seja, colocar malas com cocaína no avião.
Segundo investigação, esse funcionário, embora fosse tratorista no aeroporto e afirmar que morava na entrada de uma favela na Ilha do Governador, teria adquirido dois terrenos na cidade de Cabo Frio/RJ, na Região dos Lagos, um pelo valor de R $80 mil e outro pelo valor de R$190mil,, respectivamente, demonstrando assim gastos incompatíveis com a condição de operador de máquinas (tratorista). Além disso, teria usado um laranja para ocultar R$ 300 mil.
No dia da apreensão da droga no Galeão, integrantes da quadrilha ficaram aguardando a chegada das bagagens contendo o entorpecente à área restrita, para então desviarem de um voo, com destino a Brasília, para outro para Lisboa, em Portugal.
"Um determinado funcionário de uma prestadora de serviço faria a separação das malas no porão e despejaria as malas contendo a mercadoria no voo da empresa aérea com destino a Portugal", revela o relatório da investigação.
As bagagens com a droga, inclusive, chegaram a ser apresentadas no check-in da companhia aérea. Para identificá-las, eram usadas etiquetas fraudulentas. Eram retiradas de bagagens normais e colocadas em bagagens indicadas por membros da quadrilha.
Ao menos três funcionários de uma empresa de aviação foram presos suspeitos de participarem do esquema. Um taxista também era envolvido. Era ele que ficava encarregado de transportar as malas cheias de cocaína do Mercado São Sebastião até ao aeroporto.
A investigação revelou também que a quadrilha enviava remessa de drogas para o exterior por via marítima.
Integrantes do grupo tentaram despistar a polícia alegando que enviavam joias para o exterior e não cocaína. Um outro traficante que pertencia ao bando tinha patrimônio declarado de R$ 4,3 milhões.