Confluência de diásporas

Mostra sobre o Rio Judaico expõe diversidade étnica e cultural da cidade no Palácio Pedro Ernesto

Fotos de Samuel Malamud resgatam memória da Praça Onze, refúgio de negros africanos, judeus, árabes e ciganos


Mostra A Cidade Pelo Olhar de Samuel Malamud registra a pioneira presença judaica na Praça Onze, no Centro do Rio. Foto: Guilherme Ney/Câmara Municipal do Rio

Fotos, vídeos e objetos antigos que contam a história da Praça Onze compõem a exposição “O Rio Judaico: a cidade pelo olhar de Samuel Malamud”, inaugurada nesta segunda-feira (19/05), no saguão do Palácio Pedro Ernesto. Gratuita, a mostra na sede da Câmara do Rio visa resgatar a memória sobre a Praça Onze, importante berço de culturas cariocas e centro de convivência de diferentes povos e credos, como judeus, árabes, negros e ciganos. Inaugurada pelo vereador Flávio Valle (PSD), a exposição seguirá aberta ao público até o dia 30 de maio, das 10h às 17h.

A mostra propõe um mergulho no olhar de Samuel Malamud, intelectual e ativista que documentou e preservou a memória da Praça Onze, espaço emblemático da presença judaica e de diversas culturas no Rio do século XX. Malamud nasceu na Ucrânia em 1908 e emigrou para o Brasil em 1923, onde se formou em Direito e se destacou como advogado, escritor e líder comunitário, atuando na fundação e direção de diversas entidades judaicas, culturais e beneficentes. Ele foi um dos organizadores do Centro Cultural Brasil-Israel e o primeiro cônsul honorário do Estado de Israel no Brasil.

Presidente da Comissão Parlamentar de Combate ao Antissemitismo, o vereador Flávio Valle ressaltou a importância de valorizar o acervo de Samuel Malamud e fortalecer valores de tolerância e respeito à diversidade.

“Ele procurou retratar muito bem o que foi um dos primeiros bairros da comunidade judaica da cidade, a Praça Onze. Dali, a comunidade se expandiu para outros locais, como Tijuca e Copacabana. Mas a primeira parada foi a Praça Onze, por isso esse é um bairro icônico e tão importante”, avaliou o parlamentar.

A mostra é fruto de uma parceria da Câmara do Rio com o Arquivo Geral da Cidade e a Secretaria Municipal de Cultura. “Essa exposição resgata a coleção do doutor Samuel Malamud, que foi o mais importante memorialista da comunidade judaica no Rio de Janeiro e uma pessoa fundamental para se entender não apenas a história da comunidade judaica, mas a história do Rio ao longo do século XX”, ressaltou Elizeu Santiago, presidente do Arquivo Geral da Cidade.

Memória afetiva

Para Ilana Strozenberg, filha e curadora da obra de Samuel Malamud, a exposição tem um gosto especial. “Faz mais de 20 anos que organizei tudo a pedido dele, são 70 anos de arquivo, com muitos documentos, e ele me pediu ajuda para organizar tudo, porque isso tem que ter acesso público. Além disso, essa exposição vem em um momento extremamente oportuno, coincide inclusive com o interesse de historiadores e estudiosos da cidade sobre a história da comunidade judaica aqui. Queria chamar a atenção também para o fato de que a organização desse arquivo só foi possível com o apoio da Lei Rouanet, assim eu consegui verba de patrocínio para a organização lá no início do ano 2000”, lembrou ela.

Amigo de Malamud, Silvio Kelner fez questão de prestigiar a inauguração da exposição e relembrou alguns momentos que passou com ele. “Na advocacia, nós estivemos juntos em algumas oportunidades. Ele foi um lutador, uma pessoa que merece todos os elogios pelo que fez durante tantos anos em prol da sociedade”, rememorou Kelner.

Combate ao preconceito

Casos de antissemitismo têm preocupado a comunidade judaica e, para Marcia Kelner, vice-presidente da organização judaica Hillel Internacional e fundadora do Hillel Rio, uma das ferramentas fundamentais para combater o preconceito é a educação, principalmente para os jovens. “Espero que o Hillel possa trazer os jovens aqui, que as escolas públicas venham visitar, porque um homem como o doutor Malamud é um exemplo a ser seguido. Ele foi um imigrante que estudou e fez a diferença em prol da comunidade carioca”, afirmou.

Apoio à cultura

O presidente Carlo Caiado (PSD) também participou da inauguração e falou da importância de o Palácio Pedro Ernesto abrir as suas portas para exposições e outras atividades culturais. “O vereador Flávio Valle trouxe para a presidência a importância de deixar registrado para a comunidade judaica toda essa história. Nós ficamos felizes porque esse Palácio tem a sua própria história e eu acho que isso proporciona ainda mais cultura, principalmente para os mais jovens, que poderão conhecer mais sobre toda a luta da comunidade judaica ao longo dos anos.”

O secretário municipal de Cultura, Lucas Padilha, celebrou a iniciativa do Parlamento carioca. “O Palácio Pedro Ernesto também é a casa da cultura carioca, é um centro cultural, é um lugar importante de memória. Além da criação de leis e os debates públicos que acontecem aqui para discutir o futuro do Rio de Janeiro, o Palácio é um lugar de memória.”

Câmara Municipal do Rio de Janeiro

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