Os dez dias sem combustível por conta da paralisação dos caminhoneiros realizada há um mês, não foi o suficiente para impedir o trabalho do motorista do Uber, Murilo Miranda. Ele é dono de um dos mais de 300 mil veículos movidos a GNV em circulação na capital fluminense, segundo o Detran. As greves no setor de combustíveis aliadas à alta dos preços provocou corrida às oficinas, que chegam a registrar aumento de 150% na procura por conversões.
“Converti meu carro bem antes. Está sendo muito bom. Rodo o dia trabalhado e sai muito mais em conta”, disse durante a instalação de um kit de gás em seu mais novo veículo na oficina Carro a Gás, na Praça da Bandeira.
O gerente da oficina, Armando Oliveira, ficou surpreso com o crescimento da procura pelo GNV:
“Na primeira semana de greve geral de caminhoneiros não houve procura por novas conversões. A partir de segunda-feira (28/05), com a falta de combustível líquido, a demanda aumentou 150%. Realizávamos em média três instalações por dia. Hoje o número chegou a 14 conversões diárias. Um aumento de 150%.Trabalhamos mais duas horas por dia para poder suprir a demanda dos carros que entraram. Chegamos a fazer de 14 a15 conversões”, disse Oliveira.
GNV para todos
Segundo o gerente da Carro a Gás, a novidade é que motoristas particulares se juntam a taxistas e motoristas de aplicativos em busca do GNV. Armando revela que proprietários de táxi também realizam conversões de seus veículos privados. “Hoje os motoristas do Uber e até o consumidor particular usam gás natural por causa do alto custo da gasolina e do álcool”.
O preço mais baixo do GNV atrai proprietários de veículos mais sofisticados. O mercado conta com kits de 6ª geração que, segundo Armando, são próprios para automóveis equipados com injeção direta: “Esses carros trabalham em média com 90% de GNV e 10% de combustível líquido. A tecnologia desses equipamentos melhorou muito. Os kits de sexta geração são usados nos carros novos que estão sendo lançados em 2018”.
Preço das conversões
Uma instalação de qualidade custa entre R$ 4.000,00 e R$ 4.500,00, segundo Armando. Ele alerta para a segurança do sistema. Realizar conversão em oficinas que oferecem preços baixos pode ser perigoso. “Recomendo a instalação de equipamento de qualidade e cilindros novos”, disse, sugerindo ainda que o interessado evite os cilindros retestados – aqueles que já foram usados em outros carros: “O consumidor e às vezes até o próprio instalador não sabe a procedência daquele cilindro. Vi casos de explosões em que o cilindro foi comprado no ferro-velho e instalado em um carro que tinha sido incendiado”, alertou.
Para saber se a oficina é homologada, Armando Oliveira sugere a consulta ao site do INMETRO. O Instituto disponibiliza uma lista de oficinas credenciadas para uma boa conversão.“O barato pode sair caro nessa corrida aí que o pessoal tá querendo colocar gás para evitar novos problemas com combustível principalmente a gente tem que buscar a qualidade”, concluiu.
Motorista de táxi recomenda o GNV
Taxista há 15 anos, Carlos Maurício Bustamante gasta por dia R$ 60,00 para abastecer e dirigir por 200 km. Isso só é possível com o gás natural veicular. Para ele, a economia é grande, mas o preço poderia ser menor. Ele é proprietário de um Fiat Cronus adquirido recentemente e não pensou duas vezes. Instalou o kit em seu novo veículo. Isso lhe garantiu um lucro a mais durante a paralisação dos caminhoneiros: Ele conseguiu trabalhar durante a crise de abastecimento:
“O Rio tem posto de GNV em todo lugar. A gente não fica sem abastecer. Hoje tem postos em todos os bairros”, disse.
Outro cuidado a ser observado antes da instalação de um kit de GNV é quanto ao estado do veículo. O chefe da oficina da Gás Imperial diz que conversões não podem ser feitas em qualquer carro. Segundo John, O veículo deve estar em condições de receber o combustível:
“Caso contrário, o gás funciona como ampliador da deficiência do veículo. Aqui a gente faz um checklist para avaliação do veículo ver toda a parte de injeção do carro antes de instalar o kit”.
Com todos os cuidados tomados, John recomenda o uso do gás natural.
“Uma economia em media de 40% a 60% no gasto diário. Quem usa o carro não tem como andar no combustível líquido. O sonho de todo mundo é andar com um combustível econômico e eficiente, no caso, o GNV”, concluiu.