Cesar MC fala da carreira e do sucesso "Canção Infantil"

No Spotify, já são mais de um milhão de ouvintes mensais. No YouTube, seus principais clipes alcançaram mais de 10 milhões de visualizações. Lançado no dia 27 de junho deste ano, o vídeo oficial da música "Canção Infantil" é um sucesso de público e crítica. Definitivamente, Cesar MC entrou para a lista dos grandes destaques da nova geração do rap nacional.

Oriundo do Morro do Quadro, uma comunidade da cidade de Vitória, no Espírito Santo, o artista diz que se identifica como mais um sonhador que se encontrou na poesia e na música por meio do rap, das batalhas de MC's e todo o sentimento envolvido na cultura hip-hop. Ele é alguém que transita entre nomes como Racionais MC's, Mano Brown, Sabotage e Emicida, mas que também busca referências em artistas como Renato Russo e Charlie Brown Jr, além da banda capixaba Moxuara.

Entretanto, ao Portal Eu,Rio!, ele contou que a sua história aconteceu de uma maneira diferente.

"Desde muito pequeno, eu fazia poesia, versos na parede do meu quarto e rimas improvisadas. Contudo, isso era uma coisa muito minha, eu não divulgava. Cresci com esse hábito e forma de expressão, mas não tinha ideia do que girava em torno disso. Não era algo que eu me imaginava fazendo. Até que, no final de 2014, vi pela primeira vez na vida uma batalha de MC's. Naquele momento, encontrei uma galera que estava fazendo algo que eu fiz a minha vida inteira. Tive um choque e ao mesmo tempo me identifiquei com aquilo. Foi na praça do Sesc, no Rap de Quinta, em pleno Centro de Vitória. A partir dali, quando entrei daquela batalha, nunca mais parei", relembrou o MC.

Ainda segundo Cesar, esse encontro não foi o início, mas sim, o despertar para a possibilidade de que era possível construir uma trajetória no rap.

"Até aqui, foram muitas participações em batalhas e muita poesia. Inclusive, minha visibilidade foi construída em cima das batalhas. Sempre na correria, participando em rodas dentro do meu estado e depois em outros lugares do Brasil. Foi quando cheguei ao Duelo de MC's Nacional. A maior disputa da cultura hip-hop brasileira. Talvez, o evento de maior relevância no mundo. Afinal, para se juntar quatro elementos do hip-hop no free style é muito difícil. Quando fui campeão em Belo Horizonte, parece que todos os anos de trabalho ganharam voz. A vitória foi um marco na minha carreira que abriu um leque para minhas poesias virarem músicas. Quando eu entendi que precisava me entregar para as músicas como me entreguei para as batalhas", destacou.

Para o público interessado em ouvir mais do trabalho do César MC, há quatro músicas disponíveis no Spotify. Além de "Canção Infantil ", "Hit do Subúrbio", "Minha última letra" e "Quem tem boca vaia Roma" compõem um setlist que revela todo o pontencial do capixaba que ainda não lançou um álbum completo.

"Não consigo dizer de forma exata e detalhada sobre o que vem por aí. Porém, refletindo em relação às parcerias musicais que já fiz, além de projetos que envolvem outros MC's e são muito bons, eu consigo enxergar uma sensibilidade muito maior nos meus trabalhos solo. Por isso, tenho buscado essa trajetória, tentado potencializar e dar corpo e voz para esta forma livre. Com certeza, o público pode esperar muita coisa porque algo precisa ser dito", adiantou o rapper.

Sobre "Canção Infantil", seu mais atual sucesso, o MC revelou como foi o processo de composição e o que inspirou seus versos.

"Essa música foi escrita em um momento de profunda reflexão. Sobre o que é amadurecer em um mundo tão complicado e com notícias tão fortes. Como isso funciona na cabeça de uma criança? Como essa transição e realidade social agressiva afeta a transição para a vida adulta? Eu procurei na vida e nos contos infantis a ilustração para esse choque de realidade. Para essa agressividade que nos leva a pensar sobre o que era assustador antes e o que se tornou assustador depois. Quando algumas coisas passam a ser reais e outras viram fantasias", desabafou.

Quando perguntado se sua arte era uma arma ou um escudo, Cesar MC foi direto ao ponto.

"Eis uma questão complexa, pois eu também enxergo o escudo como uma arma. Afinal, nosso ataque pode ser uma defesa. Minha música é um pouco de tudo isso. Uma vontade de gritar. Todo mundo tem algo a dizer e a música é um refúgio para se expressar, sentir prazer, atacar e se defender", concluiu.