Os problemas que o Rio de Janeiro está enfrentando na segurança e na política estão repercutindo na imprensa internacional. O jornal francês Le Monde e o inglês The Guardian comentaram sobre os acontecimentos ruins do Rio de Janeiro nos últimos tempos. A correspondente, em São Paulo, do Le Monde, Claire Gatinois, disse que membros do PSOL, do Rio de Janeiro, apresentaram uma queixa a um promotor público contra o prefeito da cidade, Marcelo Crivella, com um pedido de impeachment.
Segundo a publicação do Le Monde, Crivella é acusado de ter feito da Câmara Municipal um templo. Marcelo Crivella teria feito, na quarta-feira, 4 de julho, o " café da comunhão", uma reunião secreta. Na ocasião, prometeu a 200 pastores evangélicos facilitar operações de catarata, cuidados com varizes e vasectomias. Procedimentos que a população leva meses a espera nos hospitais do Rio.
Segundo o Le monde, Crivella continua assegurando aos líderes evangélicos que irá ajudá-los com isenção de imposto de propriedade e, também, promete tirar proveito para renovar e desenvolver as igrejas.
Em 2007, o Le Monde publicou uma matéria com o título "A festa acabou", falando sobre os cortes que Crivella fez no Carnaval do Rio de Janeiro. A correspondente Claire Gatinois começa a matéria lembrando que depois das Olímpiadas, o Rio estava mergulhado em dívidas devido a grandes obras erguidas sob suspeita de corrupção.
Já o jornal The Guardian publicou, na quinta-feira, dia 12 de julho, que grupos paramilitares, implicados no assassinato da vereadora Marielle Franco, tomaram o controle, no município de Seropédica, expulsando traficantes. Os que se recusaram a sair do local foram mortos.
Segundo informações do correspondente britânico Dom Phillips, os milicianos não fazem controle como os traficantes, mas assassinam quem desobedece.
O jornal citou, ainda, que a milícia é suspeita de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
A publicação cita que milicianos são policiais que ainda estão na ativa ou não e bombeiros, que tomam o controle dos subúrbios e impõem impostos no comércio local.
O jornal publicou sobre o inquérito de 2008 de Marcelo Freixo, que acusou 225 pessoas, incluindo vereadores, policiais, bombeiros.
O jornal mostrou que, segundo uma fonte policial, o controle das milícias sobre propaganda eleitoral, em seus territórios, os ajudou a construir fortes laços com alguns políticos locais. Ele disse que pelo menos três dos vereadores do Rio de Janeiro teriam laços estreitos com os grupos. A matéria cita uma fala do deputado Marcelo Freixo sobre as milícias: " Eles são o único grupo criminoso, no Rio, que transforma a dominação territorial no poder político"
Segundo a declaração do promotor de justiça Fábio Corrêa, o The Guardian publicou que algumas milícias permitem o tráfico de drogas em seu território ou até fizeram acordos com as gangues de drogas. Para ele, é cada vez mais difícil distinguir as organizações criminosas.
Segundo o jornal, um residente de Seropédica disse: " Tirando as coisas ruins que as milícias fazem - a maneira como matam pessoas, sua crueldade - em geral, eu acho que elas são uma boa coisa".
O jornal cita que, segundo policiais e promotores, sob diferentes líderes, uma versão da Liga da Justiça é o grupo mais poderoso entre as milícias. Eles acreditam que os milicianos expandiram suas redes de contatos para as cidades da Baixada, incluindo Seropédica.
A Câmara Municipal do Rio de Janeiro rejeita impeachment contra Marcelo Crivella
O prefeito Marcelo Crivella (PRB) consegue derrubar os dois pedidos de abertura de impeachment contra ele, na quinta-feira (12), por 29 votos a 16.