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Escutas telefônicas mostram que milicianos da Muzema pagavam propinas a agentes públicos

Elas mostram como criminosos tentavam encobrir irregularidades os empreendimentos imobiliários que controlavam na região

Por Mario Hugo Monken em 16/07/2019 às 12:12:07

Foto: Prefeitura do Rio/Divulgação

Escutas telefônicas feitas com autorização judicial pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) revelam detalhes de como aquadrilha que explora a venda clandestina de imóveis na comunidade da Muzema, no Itanhangá, na Zona Oeste do Rio, pagava propina a agentes públicos.

Um dos pagamentos foi feito para desviar a constatação do objeto da períciano sentido de que asligações clandestinas foram encontradas na área externa dos prédios: "Eles (os agentes públicos) estão querendo um cala boca.Aí o Antônio vai dar um cala boca pra eles lá e perguntou se a gente não queria fazer uma amizade para eles tirarem esse bagulho da gente", diz um do envolvidos com o grupo que menciona na gravaçãoque chegou a perguntar qual o valor que eles pediriam para ter acordo.

Os suspeitos também pagaram propinapara impedir a prisão em flagrante de uma funcionária de uma choperia por conta de um gato de água: "Vê com eles(policiais)aí seeu posso desenrolar com a perita aqui alguma coisa aqui, entendeu"?

Uma outra gravação, os investigados mencionam o pagamento de uma propina de R$ 5 mil a agentes públicos por conta da descoberta de mais uma ligação clandestina de água em um dos empreendimentos imobiliários: "Cinco conto. Pega logo R$ 2.500,00 de cada um", afirmou um deles.

Em mais um trecho, os criminosos falam em pagamento de propinapara impedir a prisão em flagrante de uma funcionária do restaurante, assim como para desviar a constatação do objeto da perícia no sentido de que asligações clandestinas foram encontrados na área externa dos prédios.

"Fecha em dois mil. Ok.Vou fechar e ai eu vejo se eles fecham nesse valor. Eles estão desenrolando com ela pra botar como ...na verdade eles queriam levar alguém pra delegacia, só... Eles iam levar a menina docaixa daqui do restaurante do Bruno, do Antônio, só que o problema é que isso daí vaificar preso, e vai ser pior pra eles. Foi o seguinte: vamos ver um "cala boca" pra essamulher aqui, pra esse cara. Fecha o nosso, fechou por dois, aí. Entendeu?Por dois. Aí eu vou ter que pegar esse dinheiro aí pra levar pra eles", diz os diálogos.

Outros milicianos conversavam sobre o mesmo assunto: "Falou aqui que o Bruno deu dinheiro e o Seu Silva deu dinheiro, e perguntou:"e o Thiago? Deu o quê?". Ai eu falei: "deu nada não!", tá entendendo? Só que quandoeu cheguei lá atrás eu falei pro Seu Silva: "Seu Silva, o Thiago deu dinheiro sim, só queele não quer que a gente fala no meio dos outros, que os outros fala muito, senão ai geral,todo mundo vai querer vim pegar dinheiro com o senhor. Se alguém vier te perguntar alguma coisa, é pra falar que deu o dinheiro também pros policia, entendeu"?

Segundo a denúncia, nodia 22 de novembro de 2018, um dos acusados, consciente e voluntária, ofereceu e prometeu aquantia de R$200,00 a policial, para que esteomitisse ato de ofício e nãoadotasse as medidas cabíveis por infração aoart. 162, I, do Código de Trânsito Brasileiro, após o agente da lei deterseu filho conduzindo veículo automotor sem habilitação."Não multaram porque eu dei 200 reais para aqueles macacos (como se refere a policiais)".

Em mais um trecho da denúncia, um suspeito dá a entender como era o pagamento de propina:

"Então, deixa eu te falar... essa porra é um monte de vagabundo do c....Tudo é a porra do dinheiro, entendeu? Eles querem uma merrequinha. Aí tu combina... aívocê não pode dar uma parada para eles... uma parada, assim... PUF! De uma vez... Temque ir dando tipo assim... irmão, todo mês tu vem aqui e pega dois conto, porque aí agente faz a obra e fica dando para eles... quando terminou aí tu para de dar, pô. Agora, seeles pedem uma parada, eles mandam outro vir no lugar, tipo assim, eles pegam e depoise mandam outro vir".

Já houve casos em que não foi possível fazer acordo com os funcionários públicos.Emuma escuta, um denunciado conversa compessoasnão identificadas sobre a operação para demolição de edificaçõesilegais. Os interlocutores comentam "que desta vez não tem desenrolo", ouseja, não era possível contornar comcorrupção, motivo pelo qualaventaram colocar moradores para impedir a ação demolitória:

"O João me ligou agora a pouco e parece que foi láver a parada do prédio lá... disse que tá pra demolir na segunda feira mesmo.Tô falando que é uma sacanagem do c...Vão demolir tudinhona segunda feria mesmo, disse que não tem mais desenrolo não".

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