"Sou de Guaianazes, bairro da periferia da cidade de São Paulo, construído por trabalhadores do Brasil profundo e que espalham afeto, resistência, dança, dores, cores e cultura. Lá, recebi a chama e o chamado pra romper com música o escuro do futuro. Trago na alquimia desse álbum a rua onde cresci, o agreste de Pernambuco e a grande metrópole que se fundiram em mim. Chamei Pedro Bernardes produtor de música eletrônica, sinfônica e imagética para produzir o disco comigo e traduzir minha história em um novo território sônico. Nessa busca, encontramos Lux Ferreira, produtor musical e programador que coproduz, aperfeiçoa e dá contorno ao todo", contou o cantor.
"Na faixa Vem Vem, faço dueto com a encantadora Maya, uma nova estrela da música brasileira que queremos que seja ouvida. E celebro as bandas de Pífano de Caruaru com a participação de João do Piff, Marcos do Piff e Zé Gago. O intervalo de seis anos entre o último álbum e esse revelou em mim uma desconstrução muito necessária na passagem entre velho e novo, menino e homem e toda precocidade que me habitava de ter começado tão novo desde os sete anos a tocar. Por poder lidar com esse desconhecido que todos temem tanto e nós chamamos de mistério necessário, na hora da criação em trio, nos entregamos e foi isso que construiu sonoridades como a de "Redenção" que une canto gregoriano, bateria de frevo e guitarra western, ilustrando o conflito entre dogmas cristãos e a força do engajamento de seguir", celebrou.
O músico falou sobre alguns processos de produção. Para ele, o encontro com Mario Caldato, em Los Angeles, foi outro ponto alto da construção do disco.
"Hoje, estou presente e em co-criação com novos autores e amigos que constroem imagem, cenário e clipe, como foi o caso do primeiro filme feito por Chloë de Carvalho de "Aí Sim" e da capa com ensaios em Guaianazes e em minha casa no Rio assinados pela Lucia Koranyi. Chegar ao estúdio do Mario Caldato em Los Angeles e ficar ao lado dele em toda mixagem foi o fecho necessário ao disco e a mim como músico e profissional. Mário, além de enorme, é um professor e amigo que o disco me deu", revelou.
Sobre as últimas canções, Jeneci disse que trouxe o pulso dançante dos sintetizadores.
"Ritos é uma melodia sem letra gravada com sanfona, piano e voz, que faz parte de uma série de "mantras-pop" inéditos que compus nesses últimos anos. Ela sintetiza o abrigar que busco nas melodias. Música pra mim é abrigo", concluiu.
Este é o terceiro trabalho de Marcelo Jeneci. Já conhecido por sucessos como "Pra Sonhar" e "Felicidade", desta vez, o paulista que é um dos grandes nomes da nova geração da MPB presenteia seus fãs com 10 faixas inéditas e gravadas em estúdio. Grande da parte das músicas são composições do cantor, mas ele também escolheu parceiros Chico César, Arnaldo Antunes, Rute Casoy e Luiz Tatit.
"Guaia" está disponível em todas as plataformas digitais. A nova turnê também já tem shows marcados no Sesc Palladium (BH), no Sesc Pompeia (SP) e no Sesc Sorocaba (SP).