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Um em cada cinco venezuelanos está desnutrido

Antes um dos países mais ricos da América Latina, a Venezuela enfrenta uma crise alimentar sem precedentes.

Por Kaio Serra em 24/07/2019 às 13:44:52

Foto: Divulgação/Unicef

A profundidade da crise política e econômica da Venezuela pode ser medida de várias maneiras. A produção econômica no país despencou. Mais de 4 milhões de venezuelanos fugiram para a Colômbia, Peru, Brasil e outros países. O sistema de saúde do país entrou em colapso, contribuindo para surtos de malária, dengue, zika e outras doenças infecciosas. Outra estatística sombria pode ser acrescentada à lista: mais de um em cada cinco venezuelanos está subnutrido. O país responde por quase todo o recente crescimento da fome na América do Sul.

Segundo um novo relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o número de pessoas subnutridas na região - aquelas cujo consumo de alimentos cai abaixo dos níveis necessários para uma vida ativa e saudável - cresceu em meio milhão em 2018, para mais de 7 milhões.

O aumento da fome nos últimos anos, segundo a FAO, deve-se “sobretudo” à crise econômica na Venezuela. Desde 2013, a taxa de desnutrição no país aumentou quase quatro vezes, de 6,4% da população para 21,2%. Isso coincidiu com um colapso no crescimento do PIB por pessoa, colocando a Venezuela ao lado de países devastados pela guerra, como o Iêmen e a Síria.

Outros grupos humanitários estão expressando preocupações. Um relatório divulgado este mês pelo Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) diz que a Venezuela está "violando suas obrigações de garantir os direitos à alimentação e à saúde". A agência observa que alguns venezuelanos relatam filas de comida por dez horas por dia. Aqueles que falam contra o governo do presidente Nicolás Maduro dizem que lhes são negadas as rações de comida.

Tais preocupações podem cair em ouvidos surdos em Caracas. Em junho de 2013, a própria FAO, em ação polêmica, elogiou a Venezuela por ser um dos 18 países a reduzir a fome pela metade em 20 anos (embora a escassez de alimentos já estivesse evidente). O reconhecimento foi saudado pelo regime como um sucesso para a sua “revolução bolivariana”. Em caso afirmativo, o último relatório da FAO é uma prova conclusiva de seu total fracasso. Mas o regime de Maduro nunca admitiria isso.


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