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Frente em Defesa da Indústria Naval do Estado do RJ será relançada no dia 12

Setor chegou a empregar 84 mil trabalhadores diretos e mais de 780 mil indiretos no país

Por Portal Eu, Rio! em 08/08/2019 às 13:35:11

Foto: Edison Corrêa

O setor naval chegou a empregar 84 mil trabalhadores diretos e mais de 780 mil indiretos no Brasil. Segundo a Revista Portos & Navios, nos últimos quatro anos, pelo menos 60 mil empregos, boa parte de mão de obra qualificada, foram eliminados das estatísticas da indústria naval brasileira. Foi a consequência do novo declínio do setor, que havia sido revitalizado no início dos anos 2000 com a política de priorizar equipamentos nacionais na exploração e produção de petróleo. De acordo com o Sindicato da Indústria Naval (Sinaval,) que reúne as empresas do setor, os estaleiros brasileiros empregam atualmente 25 mil trabalhadores no país. A expectativa da entidade é que esse número seja reduzido ainda mais, para cerca de seis mil pessoas em 2020. O Estado do Rio foi o que mais perdeu postos de trabalho: aproximadamente 25 mil. Niterói, Angra dos Reis e a capital estão entre as cidades mais prejudicadas. Para tentar modificar esta lógica, a ALERJ relançará na próxima segunda-feira (12/08), às 10h, no Plenário Barbosa Lima Sobrinho do Palácio Tiradentes, a Frente Parlamentar em Defesa da Indústria Naval do Estado do Rio de Janeiro.

Segundo o deputado estadual Waldeck Carneiro (PT), idealizador e que será reconduzido à presidência da Frente, a iniciativa acontece em razão do desmonte das indústrias naval e do petróleo, que já custou o emprego de milhares de trabalhadores. "Queremos mobilizar a sociedade fluminense em defesa da recuperação da indústria naval, da retomada dos investimentos no COMPERJ, da manutenção da política de conteúdo local e da resistência à política atual da Petrobras", explica o parlamentar, que também preside a Comissão de Ciência e Tecnologia da Casa Legislativa Fluminense.

Um dos objetivos da Frente é aperfeiçoar a legislação referente à indústria naval e offshore, influindo no processo legislativo a partir das comissões temáticas no Congresso Nacional. "Mobilizaremos, para isso, a bancada federal do Rio de Janeiro e convocaremos entidades de classe e instituições interessadas no desenvolvimento econômico do estado. Também promoveremos debates, simpósios, seminários e outros eventos pertinentes ao setor, além de apoiar reivindicações no que tange à criação da infraestrutura necessária para fomento da indústria naval do Estado do Rio de Janeiro", declara Waldeck.

Trabalhadores debateram indústria naval no Rio em audiência pública há dois anos

Para cortar custos, a Petrobras passou a buscar na Ásia, sobretudo na China, plataformas mais baratas como forma de cortar custos. Desde 2016, foram pelo menos nove unidades contratadas de estaleiros chineses. Segundo consultores, esse número tende a aumentar a curto prazo, com novas encomendas para atender à demanda da produção no pré-sal, que está crescendo. Outras empresas do setor que atuam no Brasil fazem movimentos semelhantes.

Em maio de 2017, a Comissão de Economia, Indústria e Comércio da ALERJ, então presidida pelo deputado estadual Waldeck Carneiro, realizou, em conjunto com a Comissão de Trabalho, Legislação Social e Seguridade Social, presidida pelo então deputado estadual Paulo Ramos, uma audiência pública sobre a retomada dos empregos e da política de Conteúdo Nacional na Indústria Naval, Offshore e Petróleo.

Na ocasião houve um debate com entidades ligadas ao setor, como os sindicatos dos Metalúrgicos e da Indústria Naval, para a retomada deste segmento da economia brasileira. "Os estaleiros, no final dos anos 90, foram transformados em galpões de sucata, mas a partir dos anos 2000 houve uma intervenção do governo federal colocando esta área como elemento central da política de compras da Petrobras, maior cliente do setor. Com isso, milhares de empregos foram criados, inclusive trabalhadores indiretamente ligados à indústria naval ficaram empregados", lembra Waldeck.

De acordo com o deputado, no início deste século o país deixou de comprar embarcações, plataformas e sondas em nações como Cingapura, Coreia e Noruega, produzindo internamente estes materiais apostando na engenharia brasileira. "Este setor sofre, atualmente, um novo processo de desmonte. Precisamos discutir encaminhamentos objetivos para a política de conteúdo nacional, tentando restabelecer a retomada de empregos neste segmento profissional", afirma o parlamentar.

A presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Angra dos Reis, Cristiane Marcolino, alertou para o aumento do número de demissões no setor naval. "Os trabalhadores deste segmento estão sem perspectivas", salienta. Já o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico dos Municípios de Niterói e Itaboraí, Edson Rocha, chamou a atenção para os impactos do desemprego naquela região. "O que aconteceu com o Comperj foi um baque para o setor, pois nestes três municípios reside a maior parte dos empregados da indústria naval da Região Metropolitana do Rio", afirma.

SERVIÇO:

Relançamento da Frente Parlamentar em Defesa da Indústria Naval do Estado do RJ

Data/Horário: 12/08, Segunda-Feira, 10h

Local: Plenário Barbosa Lima Sobrinho da ALERJ - Palácio Tiradentes
Rua Primeiro de Março, s/n - Praça XV

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