Traficantes da Favelinha do Cruz, no Andaraí, na Zona Norte do Rio, estariam agindo como uma milícia, cobrando taxas de locatários de quitinetes que foram construídas na comunidade. A ação, segundo investigações, conta com o apoio da associação de moradores local.
Ainda de acordo com as investigações, as quitinetes foram construídas pelo professor de artes marciais Rodrigo Tawil Fernandes, o Rodrigo Cafu, que foi assassinado no dia 7 de março, na Rua Agenor Moreira. Os traficantes do Cruz são os principais suspeitos do crime e respondem a processo na Justiça pelo fato.
A morte de Cafu causou grande repercussão no bairro e na mídia já que se tratava de uma pessoa muito conhecida na região da Grande Tijuca. Ele era filho do ex-jogador de futebol Moacir Fernandes, o Cafuringa, que atuou pelo Fluminense. Além disso, voltava-se à projetos sociais em comunidades com o objetivo de ensinar lutas as crianças carentes.
Em razão do sucesso da sua empreitada imobiliária, Rodrigo, após a conclusão das suas primeiras atividades, partiu para a construção de um segundo prédio com mais 12 quitinetes no local, atitude que contrariou e chamou a atenção dos integrantes do tráfic que ocuparam e começaram a comercializar e cobrar taxas dos locatários, apropriando-se do patrimônio da vítima.
Segundo os autos, Rodrigo Cafu teria procurado um dos traficantes do Cruz para reclamar, chegando a afirmar que o prédio era dele e por isso teria o direito de colocar quem ele quisesse e desejasse no local. Na ocasião do embate verbal, o traficante teria retrucado: "O prédio é seu mas o morro é meu".
Afrontado, o traficante ordenou que dois comparsas seguissem e matassem Rodrigo, ação que foi cumprida, enquanto a vítima saiu da localidade com sua motocicleta.
Nos autos, há relatos de que os moradores do Cruz têm muito medo dos traficantes porque o Terceiro Comando Puro (TCP) assumiu no lugar da ADA (Amigos dos Amigos) e implementou o terror na região, cobrando taxas de moradores. Os bandidos, de acordo com informações, seriam responsáveis por duas execuções idênticas. Uma de um proprietário de um estacionamento e uma outra ainda carente de detalhes. Os traficantes chegaram a oferecer R$ 150 mil a Rodrigo pela garagem, o que não foi aceito.