Em 2015, o tatuador Bruno Freitas era dono de um estúdio em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. Foi então que ele decidiu tentar a vida nos Estados Unidos. ?No último dia 11 de agosto, depois de uma longa jornada e muito trabalho, Bruno recebeu o seu maior reconhecimento profissional. Ele venceu um dos principais concursos americanos de tatuagem, a Convenção da Flórida, na categoria "Melhor Tatuagem Oriental".
Hoje, quatro anos após chegar à terra do Tio Sam, o sonho americano se tornou realidade. Ele criou sua própria marca, a "Black Kimono Tattoo", que se tornou um dos mais conceituados estúdios de tatuagem da Flórida. Ao portal Eu,Rio!, o tatuador falou sobre a importância do prêmio e da sua história.
"Essa tatuagem é linda, remete à cultura japonesa e demorou aproximadamente 100 horas para ser concluída, além de cerca de um ano de trabalho. Também fiz uma cuidadosa pesquisa sobre o Japão para ter inspiração nos traços. Fiquei realmente muito feliz com esse prêmio", comemorou Bruno.
Ele ainda relembrou dos primeiros meses nos EUA e as dificuldades que enfrentou no país.
"Foi difícil demais chegar até aqui. A vida nos Estados Unidos não é fácil, como as pessoas vêem no youtube. A cultura é muito diferente, fora a saudade do Brasil, da família, dos amigos... Vim com pouca grana, que acabou rápido, e sem um trabalho certo, sem falar uma palavra sequer em inglês. Eu ganhava 50 dólares por semana, quando a média aqui é de 100 dólares por dia. Por muito pouco não passei fome. Eu fiquei dormindo por semanas no chão da casa de uma conhecida até conseguir grana para alugar um quartinho. Foi aí que, de imediato, transformei em estúdio. A sorte é que tive a ajuda de alguns brasileiros e fui tatuando um, tatuando outro, até que a clientela começou a crescer. Na fase melhor, eu conseguia tatuar de 12 a 13 pessoas em um único dia. Foi quando decidi alugar um pequeno estúdio, num mall (shopping comercial) perto de casa", contou o tatuador.
No Brasil, embora já fosse um tatuador conhecido, Bruno não se interessava por disputar concursos de tatuagens. Contudo, ele revelou que ganhar a Convenção da Flórida teve um peso especial. Principalmente, devido as dificuldades.
"Nunca dei valor a este tipo de competição porque tatuagem é isso. É um conceito muito objetivo. Eu posso fazer um dragão irado nas costas de uma pessoa que demora meses, ou até um ano, para ficar pronta. Ou alguém pode achar muito mais bonito uma palavra que é uma tattoo que vou fazer rapidamente, sem pesquisa, sem muito esforço ou criatividade", explicou.