O ex-PM Roberto Teixeira de Souza, que passava informações para a quadrilha de Fernando Gomes de Freitas, o Fernandinho Guarabu, pedia ao traficante disparasse contra seus próprios colegas durante operações no Morro do Dendê, na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio, para evitar suspeitas de que havia vazamento da ação policial.
Em uma interceptação telefônica, Guarabu teria dito para Roberto, na época licenciado da corporação, de que retiraria seus homens da rua em decorrência de operação policial. Em resposta, o ex-policial falou: "Não tem que tirar não, porque senão vão desconfiar".
Para Roberto, teriam que ser dados alguns tiros, oferecida alguma resistência, pois caso contrário isso geraria uma desconfiança do vazamento de informações a respeito da operação.
O ex-PM, que virou pastor evangélico, foi condenado a três anos de reclusão em 2012 por seu envolvimento com o tráfico mas só foi preso na última quarta-feira (28), em São Gonçalo.
A polícia chegou até ao ex-PM através de uma investigação para capturar Guarabu. Na ocasião, conseguiu descobrir os dados cadastrais do aparelho telefônico da filha de Roberto, que era usado por ele. 90% das informações que Roberto passava a Fernando diziam respeito a operações policiais realizadas pelo 17º BPM (Ilha do Governador) mas também eram passados dados sobre as diligências a serem realizadas pela então DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes), atual DCOD. Ele tinha acesso até mesmo às investigações sobre a quadrilha do Dendê.
No texto da sentença da condenação, há um trecho que menciona uma conversa entre Roberto e Guarabu que relata que está sem material (entorpecente) para vender. O então PM disse que dispunha do material e que já estava endolado.
Ficou claro nos diálogos telefônicos monitorados que Roberto Teixeira recebia dinheiro do tráfico de entorpecentes em troca de suas informações. O ex-PM cobrava do traficante a propina a que se referia a "meu negócio" ou "me adianta aquele dinheiro".