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Mandela: O eterno presidente

O prisioneiro político que salvou a África do Sul de uma guerra civil

Por Kaio Serra e Mariane Del Rei em 18/07/2018 às 17:37:30

O primeiro presidente africano negro, que pôs fim ao regime de segregação racial conhecido como apartheid, completaria nesta quarta (18) 100 anos. (John Isaac/ UN)

No dia em que Mandela completaria 100 anos, autoridades e chefes de estado prestam suas homenagens ao maior líder na luta contra o Apartheid. Nelson RolihlahlaMandela ou Madiba, como era chamado, nasceu em 18 de julho de 1918, em Mvezo, na Africa do Sul. Descendente de uma família de nobreza tribal, deixou sua linhagem, uma pequena aldeia do interior e foi para capital, Joanesburgo, aos 23 anos, onde iniciou sua atuação política. Formou-se advogado e se transformou em líder da resistência não-violenta da juventude, o que acarretou na sua prisão por traição. Passou 27 anos preso e após uma campanha internacional, foi libertado em 1990. Foi eleito primeiro presidente da África do Sul livre e ganhou mais de 250 prêmios e condecorações, incluindo oNobel da Paz, em 1993.

Nações Unidas cria o Mandela's Day

Por sua contribuição à luta antirracista, o 18 de julho foi transformado pelas Nações Unidas (ONU) no Mandela´s Day, o Dia Internacional Nelson Mandela. O prisioneiro político que perdoou os homens que o prenderam, e salvou a África do Sul de uma guerra civil.

Após a sua libertação da prisão, em 1990, onde o regime do apartheid o deteve por 27 anos, Mandela começou a sua escalada na política. Primeiro como chefe do Congresso Nacional Africano, e depois como Presidente da África do Sul.

O primeiro presidente africano negro, que pôs fim ao regime de segregação racial conhecido como "apartheid", completaria nesta quarta (18) 100 anos. Madiba, como também era conhecido, injetou otimismo na nação. Uma das razões desse otimismo era a esperança de uma economia ascendente, afinal, o fim do apartheid significava o fim das duras sanções impostas ao país.

Economia

Historicamente, a África do Sul tinha uma das infraestruturas mais desenvolvidas do continente, mas os anos de isolamento deixaram a economia perto da falência. Em poucos anos, a inflação caiu de 14% para 5%. Já as taxas de juros caíram de 16% para menos de 9% na primeira década do governo do Congresso Nacional Africano (partido de Mandela).

No entanto, mais de 20 anos após o governo Mandela, reflexos do Apartheid persistem no país. A taxa oficial de desemprego na África do Sul gira em torno de 25% ao ano, e o desemprego entre os jovens é muito maior. De acordo com algumas estatísticas, metade dos menores de 25 anos está sem trabalho. Isso deve-se ao fato de que muitas crianças na década de 90, abandonavam os estudos para trabalhar nas lavouras, afim de ajudar com a renda familiar.

Mais vale lembrar que a economia sul africana ainda é a maior do continente, mesmo com a Nigéria se aproximando. Além de que juntamente com o Brasil, Rússia, Índia e China, a Africa do Sul é membro do grupo BRICS de países emergentes, com todo o potencial que isso traz.

Apesar de as empresas estrangeiras se esforçarem para entrar na economia recém-aberta depois de 1994, o investimento estrangeiro direto (IED) não se transformou nos milhões de empregos necessários.

Em termos práticos, em média, em 2013, uma casa de brancos branca tem renda seis vezes maior do que a de negros, além de que um em cada três negros está desempregado, em comparação comum em cada 20 brancos.

Desigualdade Social

Um dos maiores problemas é a ampla desigualdade social. A enorme discrepância entre ricos e pobres é uma das maiores do mundo. De acordo com o coeficiente GINI, usado para medir a desigualdade, a África do Sul marcou 0,63 pontos nos últimos anos, em média. Pela escala GINI, quanto mais próximo de 1, mais desigual o pais é. No entanto, em 1993, o coeficiente do país era de 0,59, o que tem levado muitos à conclusão de que o fosso entre ricos e pobres está realmente ficando maior.

Corrupção

Desde o fim do Apartheid, o partido CNA, partido político de Mandela, venceu todas as eleições presidenciais, e governou a maioria das 278 cidades do país. No entanto, os resultados das eleições municipais de 2016 mostrou como o CNA está desgastado.

As sucessivas acusações de corrupção enfrentadas por Jacob Zuma - que ficou no poder de 2009 até fevereiro deste ano, quando acatou aos reiterados pedidos de renúncia vindos de seu partido -, somado à insatisfação de parte do eleitorado mais jovem do país, fez com que o CNA, acostumado com vantagens na casa dos 70%, obtivesse pela primeira vez, em 2016, "somente" 53% dos votos nas últimas eleições municipais.

Zuma tem ao todo 783 denúncias de corrupção, entre elas um escândalo de favorecimento ilícito. Jacob teria favorecido uma família indiana dentro da África do Sul, que formou um verdadeiro império. Ajay e Atul Gupta ergueram uma imensa fortuna fazendo negócios nos setores de administração pública.

Outra denúncia diz que o então presidente africano teria desviado 15 milhões de euros de um fundo de auxílio à agricultores negros. Parte deste dinheiro, foi utilizado para a compra de uma mansão, em nome de sua esposa.

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