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Traficantes de São Gonçalo que pagavam propinas a PMs são condenados até 45 anos de prisão

No total, dez criminosos tiveram sentença decretada

Por Mario Hugo Monken em 25/09/2019 às 14:37:17

Dez traficantes de São Gonçalo suspeitos de pagar propinas a policiais militares foram condenados pela Justiça a penas que variam entre 15 anos e 45 anos de prisão.

Foram condenados os criminosos de vulgos Farme (preso), MK da Linha, Drill (preso), Falcão (preso), Allanzinho, PQD (preso), Calcinha, Levi da Alma (preso), Gorilão (preso) e Para-R (preso) pelos crimes de associação para o tráfico de drogas e corrupção ativa. Ao todo, 24 foram denunciados.

Segundo a investigação, o pagamento das propinas teria ocorrido entre quinta-feira a domingo, de forma ininterrupta, habitual e continuada desde o ano de 2014 até 2016. Noventa e seis PMs chegaram a presos em 2017 acusados de participar do esquema mas a maioria responde em liberdade. Questionada sobre a situação atual dos PMs suspeitos, a assessoria de imprensa da corporação informou que necessitava de um período para levantamento de casa caso de maneira isolada.

O caso veio a tona após a prisão de um suspeito na posse de expressiva quantia de dinheiro em espécie com forte odor de drogas, aparelhos celulares e papéis contendo anotações com expressão ´arrego´, gíria que se refere ao pagamento de propina a policiais militares. O preso aceitou fazer delação premiada. Ele recebia o dinheiro da propina dos traficantes para repassar aos PMs mas ganhava uma porcentagem.

Os aparelhos pertenciam a traficantes de drogas e a policiais militares, aduzindo que os aludidos números eram usados para combinar a entrega do pagamento de quantias indevidas para que os policiais militares deixassem de reprimir as atividades relacionadas ao tráfico ilícito de entorpecentes em diversas favelas de São Gonçalo. O valor estimado da propina alcançava a quantia de R$ 250 mil por semana, em todo município de São Gonçalo.

Cada favela dava um valor aos PMs: o Salgueiro chegou a pagar para cada guarnição policial R$ 3.000 e mais R$8.000,00 para o GAT semanais; a Chumbada pagava R$ 1.000,00; o Morro da Piranha pagava em torno de R$ 700; o Couro-Come dava R$ 500 a R$ 700; Menino Deus pagava R$500; o Boaçu pagava de R$ 500 a R$ 700.

Recebiam propinas, por exemplo, todas as equipes do DPO do Jóquei, do DPO de Santa Isabel, as quatro equipes do Grupamento de Ações Táticas (GAT) e duas equipes do Serviço Reservado (P2), o DPO do Mutuá, DPO de Jardim Catarina, DPO de Santa Luzia, patamo da ocupação da Coruja, do Alto do Mineiro, patamo do DPO do Salgueiro.

Os policiais entravam na comunidade e prendiam ou sequestravam traficantes da localidade ou até o próprio traficante passava o número de contato para falar sobre o 'arrego'. Os agentes sabiam os valores e os dias de recolhimento e quanto receberiam de cada comunidade. Os militares faziam incursões nas localidades quando percebiam que poderiam 'lucrar' mais do que já haviam recebido.

Os PMs que recebiam o dinheiro da propina ´arrego´, pediam para vender aos traficantes algumas das armas que eram apreendidas em outras favelas em operações policiais, com o escopo de alavancar os ´lucro.

Um policial que recebia R$ 1.000 do tráfico na Favela da Chumbada falou para avisar na comunidade que no próximo plantão dele, iria ao local e mataria uma pessoa por não ter recebido o arrego. Ele cumpriu a promessa e matou um bandido na ocasião.

Muitas das vezes, segundo a investigação, quem vinha entregar o dinheiro do 'arrego' eram moto-taxistas ou viciados.

Uma equipe chamada de GAT Marreta recebia R$ 20 mil. Outras equipes também ganhavam o arrego como os GATs do Xerém, do Peixe ou Harduin, do Sobrancelhudo ou do Oliveira, Caveira, do Mochilão ou do Luiz Fofoca.

Farme era o chefe do tráfico no Anaia, Santa Isabel, Barracão, Cafuca, Monte Formoso (MF), Parada São Jorge, Bichinho, tendo Falcão como seu principal homem de confiança, que repassava ordens para os demais bandidos da quadrilha como Allanzinho, PQD e Calcinha.

Drill era o chefe da comunidade da Dita. Para-R era responsável pela Favela do Tronco, no Jóquei. Gorilão estava a frente da comunidade do Risca Faca.

Levi controlava a Favela da Alma, além da Candoza e da 590. MK da Linha era da comunidade da Linha, no bairro do Rio do Ouro.


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