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Empresária cria Centro de Inclusão para Crianças com Síndrome de Down no Rio

Cerca de 270 mil pessoas teriam síndrome de Down no Brasil

Por Marcos Nahmias em 18/07/2018 às 18:53:54

Érika em ação no seu espaço inclusivo para crianças com Down (Fotos: Divulgação)

A empresária Érika Rodrigues, 45 anos, não imaginava a reviravolta que sua vida daria quando a pequena Beatriz chegou. Empreendedora, executiva de mercado e workaholic assumida, Érika cumpria uma jornada de trabalho pesada como a de todo profissional da sua área. Até que um dia, cansada do ritmo frenético e com o relógio biológico dando sinais, Érika decidiu que era hora de realizar seu grande sonho: ser mãe. Ampliar a família já fazia parte dos planos dela e do marido e, poucos meses depois, eles tiveram a confirmação da gravidez.

Após uma gestação muito curtida e desejada chegou a hora tão esperada, o nascimento.

"E assim que as cortinas se abriram, a Bia chegou; foi uma estreia linda que trouxe um turbilhão de sentimentos, um amor puro e verdadeiro que já fazia o bem mesmo ainda sem saber direito a quem. Mas ela veio com ingrediente a mais: a Síndrome de Down, e agora?", pensou Érica.

Com a notícia, Érika mergulhou fundo neste universo, até então desconhecido, aproveitando a oportunidade para aprender, se capacitar e ampliar seus conhecimentos acadêmicos numa nova área: a Educação. 

Um de seus desejos é que sua filha, hoje com 5 anos, se sinta à vontade nos ambientes que frequenta, principalmente na escola. Os pais optaram por uma escola regular, porém o sentimento que faltava algo a mais, com uma proposta diferenciada para o desenvolvimento de crianças atípicas, permanecia. Foi só uma questão de tempo e, o que, em princípio era uma ideia, ganhou força, e desde então ela se dedicou a concretizar o que chama de projeto de vida: O Espaço "Aprendo Sim", que foi inaugurado recentemente na Barra da Tijuca, zona Oeste do Rio de Janeiro.

O objetivo do espaço é potencializar o desenvolvimento global da criança com a síndrome de Down, num local de integração e inclusão para todos. As atividades oferecidas são: psicomotricidade, música, contação de histórias, cozinha pedagógica, ateliê de artes, dança criativa e capoeira.

Além de atendimento psicopedagógico, psicologia, fonoaudiologia, musicoterapia e apoio escolar individual com materiais adaptados de acordo com a necessidade do aluno. "Assim podemos tornar realidade a aprendizagem, a autonomia e a qualidade de vida de nossas crianças; pois a diferença está nas nossas atitudes", explica Érika.

Os alunos são estimulados a pensar "fora da caixa" e as atividades sugeridas levam sempre em consideração os aspectos psicológicos, relacionais, cognitivos, motores, sensoriais e perceptivos de cada um deles: "Queremos que nossas crianças expressem o querer, o sentir e o pensar", ressalta.

As crianças com Down encontram barreiras, muitas vezes, ao entrar na escola. "É importante que o atendimento de intervenção de profissionais para essas crianças deva começar o quanto antes, pois o desenvolvimento cognitivo, sensorial, perceptivo e de linguagem serão ganhos que esse indivíduo terá ao longo de sua vida social e acadêmica", diz Lílian Teixeira, pedagoga especialista em educação especial e inclusiva.

De acordo com o movimento Down, não existe ainda no país uma estatística específica sobre o número de brasileiros com síndrome de Down, mas uma estimativa pode ser levantada com base na relação de 1 para cada 700 nascimentos, levando-se em conta toda a população brasileira.

No último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, cerca de 24% dos entrevistados disseram possuir alguma deficiência, sendo que 2.617.025 declararam ter deficiência intelectual. A contagem, contudo, foi feita por amostragem, ou seja, em apenas algumas casas aplicou-se o formulário completo, em que o cidadão declara se possui alguma deficiência.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a organização nacional National Down Syndrome Society (NDSS) informa que a taxa de nascimentos de 1 para cada 691 bebês, o que equivale a uma população de cerca de 400 mil pessoas.

         

O que é a Síndrome de Down?

A síndrome de Down é causada pela presença de três cromossomos 21 em todas ou na maior parte das células de um indivíduo. Isso ocorre na hora da concepção de uma criança. As pessoas com síndrome de Down, ou trissomia do cromossomo 21, têm 47 cromossomos em suas células em vez de 46, como a maior parte da população.

As crianças, os jovens e os adultos com síndrome de Down podem ter algumas características semelhantes e estar sujeitos a uma maior incidência de doenças, mas apresentam personalidades e características diferentes e únicas.

Entre as características físicas associadas à síndrome de Down estão: olhos amendoados, maior propensão ao desenvolvimento de algumas doenças, hipotonia muscular e deficiência intelectual. Em geral, as crianças com síndrome de Down são menores em tamanho e seu desenvolvimento físico e mental são mais lentos do que o de outras crianças da sua idade.

De acordo com a Marcela Cândido, terapeuta ocupacional, é importante esclarecer que o comportamento dos pais não causa a síndrome de Down. Não há nada que eles poderiam ter feito de diferente para evitá-la. Não é culpa de ninguém. Além disso, a síndrome de Down não é uma doença, mas uma condição da pessoa associada a algumas questões para as quais os pais devem estar atentos desde o nascimento da criança.

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