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Greve nacional no Equador aumenta pressão sobre Moreno

Presidente Lenin Moreno se recusou a renunciar ou derrubar medidas anti-austeridade.

Por Kaio Serra em 09/10/2019 às 12:47:36

Foto: Reprodução da internet

No início da manhã, desta quarta-feira (09), as ruas estavam vazias, lojas e escritórios foram fechados na capital Quito, e em outras cidades equatorianas. A greve geral foi convocada por partidos de esquerda, líderes indígenas e pelo sindicato dos Trabalhadores da Frente Unida.

Manifestações violentas eclodiram no país andino de 17 milhões de pessoas há uma semana, quando o presidente, Lenin Moreno, cortou subsídios aos combustíveis como parte de um pacote de medidas para atender as exigências de um empréstimo de US $ 4,2 bilhões junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

"O que o governo fez é recompensar os grandes bancos, os capitalistas e punir os pobres equatorianos", disse Mesias Tatamuez, chefe do sindicato dos Trabalhadores da Frente Unida.

O principal grupo indígena CONAIE, que mobilizou cerca de 6.000 índios para Quito. De acordo com o CONAIE, “o governo de Moreno está se comportando como uma ditadura militar ao declarar um estado de emergência e estabelecer um toque de recolher durante a noite”.

Nesta terça-feira, Lenin Moreno, que sucedeu o líder esquerdista Rafael Corrêa em 2017, afirmou que manterá as medidas econômicas.

Não vejo por que devo suspender as decisões corretas", disse ele, argumentando que a grande dívida e o déficit fiscal do Equador são herança dos “anos de irresponsabilidade de Correa”, disse o presidente.

Com a capital Quito totalmente sitiada, Moreno transferiu a sede do governo para a cidade costeira de Guayaquil. As principais estradas do país estão bloqueadas com pneus em chamas e manifestantes, muitos utilizando máscaras.

Em todo o Equador, cerca de 700 pessoas foram presas, além de dezenas de pessoas feridas, entre manifestantes e policiais. Um agente das forças de segurança morreu, após ser atropelado por um carro. A ambulância que iria socorre-lo não conseguiu alcança-lo, já que foi bloqueada por manifestantes. Outras duas pessoas morreram ao despencarem de uma ponte.

O governo espera que as Nações Unidas ou a Igreja Católica Romana possam ajudar a mediar a crise.

Durante mais de uma década, Lenin Moreno foi uma figura imponente dentro do partido Allainza País, o principal partido de esquerda do Equador. Moreno, inclusive, foi o vice-presidente de Rafael Correa, entre 2007 e 2013.

Após vencer as eleições presidenciais de 2017, mudou seu plano de governo para centro-direita.

De Guayaquil, Moreno acusa Rafael Correa de tentar desestabilizar o Equador, além de aplicar um golpe com o apoio do ditador Nicolas Maduro.

Da Bélgica, onde mora, Correa aplaude os manifestantes, mas zomba das acusações de tentar um golpe. Maduro, imerso na crise econômica da Venezuela, também negou envolvimento no Equador.

Moreno tem apoio da elite empresarial e dos militares, mas sua popularidade é menos da metade do que era há dois anos, e os equatorianos estão conscientes de que os protestos indígenas ajudaram a derrubar três presidentes antes de Correa.

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