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Pelé e o Edison

COLUNISTA CONVIDADO - Marcos Romero

Em 08/10/2020 às 08:23:58

É indiscutível que Pelé foi o melhor jogador do planeta de todos os tempos. Contudo, muitas gerações recentes não o viram jogando. Eu não o vi jogar. Ressalvando, o vi sim, uma vez. No jogo comemorativo de seus 50 anos realizado no Maracanã, em 1991, foi a única oportunidade que tive de vê-lo, ao vivo, partindo vigorosamente em linha reta e em direção ao gol adversário (apesar da idade avançada para um jogador de futebol), buscando objetivamente fazer o gol. Eu tinha 17 anos. Oportunidade única. Depois, somente pela televisão, em filmes e documentários, ou em cenas de gols memoráveis nas datas festivas de Copas do Mundo. Jogar com ele, ou contra ele, então, nem se fala! Nunca tive essa honraria. Aliás, poucos pobres mortais o tiveram.

Mas conto-lhes que tive a sorte de jogar com outro Edison, tão genial quanto ele. Criado no Grajaú, fui um jogador mediano, esforçado, de pouca habilidade, mas sempre um grande observador e ótimo crítico. Mesmo quando jogava contra alguém que era craque, eu não deixava de reconhecer e aprender com o seu bom futebol. E foi assim durante toda a minha adolescência e primeira fase adulta. Jogando, aprendendo, observando e criticando (seja o bom ou o ruim). Tive a oportunidade jogar com um craque de bola. Craque mesmo. Diferenciado. Sempre contra. Muitas vezes nem jogava, ficava na "de fora" e só observava.

Dono de uma destra "patada" (apesar de bater muito bem com as duas), comparável à possante canhota do lateral da seleção brasileira Roberto Carlos, ele fazia gols de todas as formas: de bicicleta, de fora da área, driblando o time todo, "chapelando", "pedalando", "canetando", por cobertura, olímpico, de falta, enfim, era uma verdadeira fábrica de talento e bom futebol. Mesmo quando perdíamos - e ele sempre era o nosso algoz - a minha imparcialidade em discutir o bom futebol não me deixava ser desonesto com relação ao que havia acontecido: esse cara era diferenciado! Isso irritava meus companheiros de time, pois alguns o criticavam, condenando sua sorte, seu jeito de andar, de correr, apelando até para comentários chulos, dignos de quem está mordido pela mais pura inveja! Eu me recusava a engrossar o coro! Edison, ou Edinho, como era conhecido, jogava muito, jogava fácil! Na minha história, me orgulho de ter conhecido e jogado contra o "Edison". Esse com "i", mas que não deixa de ser xará do Edson Arantes do Nascimento, o Pelé!

Passados 30 anos, o reencontrei (19-09-2019), e pude jogar bola com ele novamente. Dessa vez, no mesmo time, dando assistências para ele fazer gols e fazendo gols com passes dele! Que alegria! Que felicidade! Fez-me voltar a melhor época de nossas vidas... Continua habilidoso, fominha e goleador, inclusive jogando mais perto da área em função de seu preparo físico não permitir mais as ousadas arrancadas de outrora. É... "a vida é a arte do encontro embora haja tantos desencontros pela vida" como já dizia o poeta e diplomata, Vinicius de Moraes. Se Vinicius estivesse vivo, eu me atreveria a dizer a ele: "se esse encontro for jogando uma partida de futebol, então é melhor ainda, poetinha!"


Edison Corrêa (Edinho) e Marcos Romero na pelada do Clube Light (19-09-2019).

Pelé foi o Edson do Brasil, do mundo inteiro, reverenciado unanimemente pela sua história! Edinho foi o Edison do Grajaú, o craque particular da minha experiência de vida, da minha história própria! Pelé, o Edson, foi jogador de futebol profissional; Edinho, o Edison, não teve o mesmo ensejo no esporte e, hoje em dia, é um grande jornalista. Contudo, caros leitores, a cereja do bolo vem agora, sem medo de críticas e gargalhadas aos comentários que farei agora, que ousam comparar o incomparável Rei do Futebol: o nível dos dois era o mesmo! Foi tão somente uma questão de destinos de vida, de oportunidades... Tenho certeza que todos nós nos recordamos de casos assim, iguais a esse, onde conhecemos pessoas que praticavam esportes em alto nível e não se profissionalizaram ou não seguiram a carreira. Mas craque é craque! "Homenagens e reconhecimentos a gente faz em vida", meu amigo Edison Corrêa! Obrigado por sua amizade e, principalmente, pelo seu bom futebol!

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