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Projeta Rocinha, a força da favela

Por Álvaro Maciel, compositor, administrador e contador. Membro do Conselho Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, diretor da Associação Cultural e Ecológica do Leme e integrante do grupo Cultural Jardim da Babilônia

Em 26/01/2021 às 08:59:57

Mais uma vez o Rio de Janeiro demonstra a força de sua cultura. Em meio à pandemia de covid-19 surge um evento cultural que, de certa forma, revoluciona a produção cultural da Cidade Maravilhosa. A favela da Rocinha ofereceu à cidade um evento sem precedentes. Foram três dias de muita arte, luz e ação. No paredão da pedra do Morro Dois Irmãos, do lado de São Conrado, foi instalado um telão com medidas espetaculares, equivalente a meio quilômetro, que recebeu a projeção e um potente projetor que pode ser vista das lajes, varandas, janelas e quintais das casas; ou seja, sem expor à população ao risco de contaminação. Dessa forma, toda a comunidade pode curtir o evento sem desrespeitar as medidas de proteção adotadas no combate à pandemia. Uma solução dinâmica, inteligente e muito emocionante.

Muito mais que entretenimento

A inovação fez o buchicho se espalhar pela favela e depois pelos bairros vizinhos. De sexta-feira (22/01) até domingo (24) o “Projeta Rocinha” demonstrou sua força agregadora ao garantir espaço às minorias e, ao mesmo tempo, ao dialogar com a geografia do bairro. Os diversos movimentos sociais e culturais existentes na favela estiveram presentes, LGBTQI+, mulheres, negros e negras, infância e juventude, dentre outros; bem como os artistas, produtores e grupos culturais locais, acompanhados de perto pela cobertura dos veículos de comunicação comunitária, sites, rádios e TVs. Em resumo, o que aconteceu na Rocinha foi ultrapassou o campo do entretenimento. Foi ratificação da força criativa e inventiva da favela, muitas vezes escondida pela massificação das pautas negativas que a mídia comercial tradicional tenta nos empurrar goela abaixo todos os dias.

Rocinha, Soca e a Casa de Cultura da Rocinha

A Favela da Rocinha fica na zona sul do Rio de Janeiro, famosa pelo número de habitantes, aproximadamente 80 e 170 mil, está entre as maiores favelas do Brasil, juntamente com Heliópolis e Paraisópolis de São Paulo. As maiores favelas do mundo estão nas Filipinas, Haiti e Egito; entretanto, a Rocinha se destaca por sua história e pela produção artística e cultural de sua gente, que mais uma vez foi protagonista de uma produção cultural plural e gigantesca.

Idealizador e um dos organizadores do Projeta Rocinha, o compositor, produtor cultural e ativista social; Maurício Fagundes, o Soca; tem 50 anos de Rocinha e sempre lutou pela valorização da cultura e de sua força transformadora. Está à frente de uma campanha que busca parcerias que possam ajudar na reabertura e manutenção da Casa de Cultura da Rocinha, espaço de convivência e formação cultural, aberto à comunidade; que por falta de recursos, esteve fechado por muitos anos.

Soca da Rocinha faz questão de dizer que todo planejamento e produção do Projeta Rocinha contou com participação de artistas e moradores da comunidade, o que comprova a importância das oficinas de formação existentes na favela. Amigo de Gilberto Gil, Zeca Pagodinho, Marcelo D2 e Ivete Sangalo, dentre outros artistas, ele espera que o sucesso que evento alcançou possa resultar no fortalecimento dos projetos socioculturais da Rocinha e diz que a Casa de Cultura para ele é prioridade.

Resultados Positivos

Segundo relatos da organizadora do evento, Mariana Marinho da Dona Rosa Filmes, o Projeta Rocinha contou com uma plateia de 100 mil pessoas que assistiu longas, curtas, clipes, intervenções poéticas e mensagens dos moradores, intercaladas com as orientações de saúde pública relacionadas à prevenção da covid-19. Este resultado numérico somado à diversidade cultural mostrada e vivida durante os três de intensa alegria na Rocinha aumentam as chances desse formato de produção ser adotado e executado em outras favelas cariocas.

Comunicação Comunitária

A TV Portal Favelas, veículo comunitário idealizado por Rumba Gabriel da favela do Jacarezinho, esteve presente na cobertura do evento durante os três dias. A equipe externa formada por Barbara Nascimento, Ninho Vidigal e Patrícia Félix, fez a cobertura local, de onde foram transmitidas diversas entrevistas, imagens da paisagem da favela e parte da programação do telão. Os membros da externa emocionaram-se várias vezes diante do entusiasmo dos moradores da Rocinha, orgulhosos por terem ali o maior telão de cinema da América Latina instalado na famosa pedra do bairro. O som do telão chegava ao público pela internet, via streaming, e pela transmissão da rádio comunitária local, a FM - 106 5.



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