Quando era pequena, até a adolescência, eu tinha pavor de religiões africanas, pois foi incutido na minha cabeça que elas eram ligadas a espíritos ruins. Muitos também têm essa crença. Hoje, vou falar sobre o Candomblé.
O Candomblé é uma religião afro-brasileira que se desenvolveu no Brasil a partir da combinação de tradições africanas, especialmente das etnias iorubá, banto e jeje, com influências do catolicismo e do espiritismo.
Os africanos trouxeram consigo suas crenças, rituais e deuses, conhecidos como orixás, que são entidades que representam forças da natureza e aspectos da vida humana.
No Candomblé, existem muitos orixás, cada um com suas características, histórias e atribuições. Aqui estão alguns dos principais orixás:
Oxalá - Considerado o orixá da criação e da paz. É associado à luz e à pureza.
Iemanjá - A orixá das águas, mãe de muitos orixás, simboliza a maternidade e a fertilidade.
Ogum - O orixá da guerra e da tecnologia, associado ao ferro e à luta.
Xangô - O orixá do fogo, trovão e justiça. É conhecido por sua força e poder.
Oxum - A orixá do amor, da beleza e das águas doces. Ela é a protetora das mulheres e da fertilidade.
Iansã - A orixá dos ventos e das tempestades, também associada à luta e à liberdade.
Nanã - A orixá da sabedoria e da ancestralidade, relacionada à terra e à morte.
Exu - O mensageiro entre os orixás e os humanos, guardião das encruzilhadas e dos caminhos.
Obaluayê - O orixá da saúde e das doenças, associado à terra e à transformação.
O culto a esses orixás é uma parte fundamental da espiritualidade e da cultura afro-brasileira.
Sincretismo: Durante a escravidão, os praticantes do Candomblé começaram a misturar suas tradições com elementos do catolicismo para ocultar suas práticas religiosas. Os orixás passaram a ser associados a santos católicos, facilitando a continuidade de suas crenças.
No sincretismo entre o catolicismo e o candomblé, muitos orixás são associados a santos católicos. Aqui estão algumas das principais associações:
Oxum - Nossa Senhora da Conceição
Iemanjá - Nossa Senhora dos Navegantes
Xangô - São Jerônimo ou São João Batista
Ogum - São Jorge
Oxóssi - São Sebastião
Iansã - Santa Bárbara
Nanã - Nossa Senhora da Conceição Aparecida ou São Pedro
Exu - São Lázaro
Obá - Nossa Senhora da Glória
Logunedé - Santo Antônio
Essas associações permitiram que os praticantes do candomblé continuassem a venerar suas divindades sob a proteção dos santos católicos, especialmente durante períodos de perseguição religiosa.
No Século XIX, o Candomblé começou a se consolidar como uma religião organizada, com terreiros (locais de culto) sendo fundados, especialmente na Bahia, que se tornou o principal centro da religião no Brasil.
Seus rituais incluem danças, músicas, oferendas e a invocação dos orixás. Os adeptos acreditam que, através desses rituais, conseguem se conectar com as divindades e receber suas bênçãos.
No Século XX, o Candomblé passou a ser mais reconhecido e respeitado, embora ainda enfrentasse discriminação e preconceito. A luta pela preservação da cultura afro-brasileira e a valorização das religiões de matriz africana ganharam força, principalmente com a Constituição Brasileira de 1988 que garantiu a liberdade religiosa, contribuindo para que o Candomblé e outras religiões afro-brasileiras pudessem se manifestar abertamente.
A religião é rica em simbolismo, música e dança, e seus praticantes buscam não apenas a conexão com os orixás, mas também a promoção da justiça social e da igualdade racial
No Brasil, o Candomblé tem várias vertentes e as principais são:
Candomblé da Bahia: É uma das formas mais conhecidas e tradicionalmente associadas ao candomblé, com uma forte presença na cidade de Salvador. As casas de candomblé na Bahia costumam seguir a tradição dos Nagôs (yorubás) e têm uma rica cultura sincrética.
Candomblé de Pernambuco: Tem suas próprias características e se destaca por uma mistura de influências africanas e indígenas, além de uma forte conexão com a cultura popular nordestina. As práticas e os rituais podem diferir dos de outras regiões.
Candomblé Jeje: Esta vertente é influenciada pelos povos jejes, que vieram principalmente do Benin. Os rituais e a liturgia podem ser diferentes dos praticados nos candomblés de origem nagô.
Candomblé de Caboclo: Essa vertente foca na veneração de entidades indígenas, os caboclos, e é uma forma de sincretismo que mistura elementos indígenas com as tradições africanas.
Candomblé Angola: Tem suas raízes nos povos da região de Angola e é caracterizado por rituais e deidades que refletem essa herança cultural, incluindo a veneração a diferentes orixás e espíritos.
Candomblé de Santo: Essa vertente busca criar uma ponte entre as práticas do candomblé e o cristianismo, muitas vezes associando orixás a santos católicos.
Cada uma dessas vertentes possui suas próprias particularidades, rituais e modos de celebração, mas todas compartilham a mesma base espiritual e cultural que caracteriza o candomblé como um todo.
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