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O Candomblé

Despertar e Evoluir, Por Ândora Motta, Terapeuta Holística

Em 31/10/2024 às 08:05:33

Quando era pequena, até a adolescência, eu tinha pavor de religiões africanas, pois foi incutido na minha cabeça que elas eram ligadas a espíritos ruins. Muitos também têm essa crença. Hoje, vou falar sobre o Candomblé.

O Candomblé é uma religião afro-brasileira que se desenvolveu no Brasil a partir da combinação de tradições africanas, especialmente das etnias iorubá, banto e jeje, com influências do catolicismo e do espiritismo.

Os africanos trouxeram consigo suas crenças, rituais e deuses, conhecidos como orixás, que são entidades que representam forças da natureza e aspectos da vida humana.

No Candomblé, existem muitos orixás, cada um com suas características, histórias e atribuições. Aqui estão alguns dos principais orixás:

Oxalá - Considerado o orixá da criação e da paz. É associado à luz e à pureza.

Iemanjá - A orixá das águas, mãe de muitos orixás, simboliza a maternidade e a fertilidade.

Ogum - O orixá da guerra e da tecnologia, associado ao ferro e à luta.

Xangô - O orixá do fogo, trovão e justiça. É conhecido por sua força e poder.

Oxum - A orixá do amor, da beleza e das águas doces. Ela é a protetora das mulheres e da fertilidade.

Iansã - A orixá dos ventos e das tempestades, também associada à luta e à liberdade.

Nanã - A orixá da sabedoria e da ancestralidade, relacionada à terra e à morte.

Exu - O mensageiro entre os orixás e os humanos, guardião das encruzilhadas e dos caminhos.

Obaluayê - O orixá da saúde e das doenças, associado à terra e à transformação.

O culto a esses orixás é uma parte fundamental da espiritualidade e da cultura afro-brasileira.

Sincretismo: Durante a escravidão, os praticantes do Candomblé começaram a misturar suas tradições com elementos do catolicismo para ocultar suas práticas religiosas. Os orixás passaram a ser associados a santos católicos, facilitando a continuidade de suas crenças.

No sincretismo entre o catolicismo e o candomblé, muitos orixás são associados a santos católicos. Aqui estão algumas das principais associações:

Oxum - Nossa Senhora da Conceição

Iemanjá - Nossa Senhora dos Navegantes

Xangô - São Jerônimo ou São João Batista

Ogum - São Jorge

Oxóssi - São Sebastião

Iansã - Santa Bárbara

Nanã - Nossa Senhora da Conceição Aparecida ou São Pedro

Exu - São Lázaro

Obá - Nossa Senhora da Glória

Logunedé - Santo Antônio

Essas associações permitiram que os praticantes do candomblé continuassem a venerar suas divindades sob a proteção dos santos católicos, especialmente durante períodos de perseguição religiosa.

No Século XIX, o Candomblé começou a se consolidar como uma religião organizada, com terreiros (locais de culto) sendo fundados, especialmente na Bahia, que se tornou o principal centro da religião no Brasil.

Seus rituais incluem danças, músicas, oferendas e a invocação dos orixás. Os adeptos acreditam que, através desses rituais, conseguem se conectar com as divindades e receber suas bênçãos.

No Século XX, o Candomblé passou a ser mais reconhecido e respeitado, embora ainda enfrentasse discriminação e preconceito. A luta pela preservação da cultura afro-brasileira e a valorização das religiões de matriz africana ganharam força, principalmente com a Constituição Brasileira de 1988 que garantiu a liberdade religiosa, contribuindo para que o Candomblé e outras religiões afro-brasileiras pudessem se manifestar abertamente.

A religião é rica em simbolismo, música e dança, e seus praticantes buscam não apenas a conexão com os orixás, mas também a promoção da justiça social e da igualdade racial

No Brasil, o Candomblé tem várias vertentes e as principais são:

Candomblé da Bahia: É uma das formas mais conhecidas e tradicionalmente associadas ao candomblé, com uma forte presença na cidade de Salvador. As casas de candomblé na Bahia costumam seguir a tradição dos Nagôs (yorubás) e têm uma rica cultura sincrética.

Candomblé de Pernambuco: Tem suas próprias características e se destaca por uma mistura de influências africanas e indígenas, além de uma forte conexão com a cultura popular nordestina. As práticas e os rituais podem diferir dos de outras regiões.

Candomblé Jeje: Esta vertente é influenciada pelos povos jejes, que vieram principalmente do Benin. Os rituais e a liturgia podem ser diferentes dos praticados nos candomblés de origem nagô.

Candomblé de Caboclo: Essa vertente foca na veneração de entidades indígenas, os caboclos, e é uma forma de sincretismo que mistura elementos indígenas com as tradições africanas.

Candomblé Angola: Tem suas raízes nos povos da região de Angola e é caracterizado por rituais e deidades que refletem essa herança cultural, incluindo a veneração a diferentes orixás e espíritos.

Candomblé de Santo: Essa vertente busca criar uma ponte entre as práticas do candomblé e o cristianismo, muitas vezes associando orixás a santos católicos.

Cada uma dessas vertentes possui suas próprias particularidades, rituais e modos de celebração, mas todas compartilham a mesma base espiritual e cultural que caracteriza o candomblé como um todo.

Gratidão por ser contribuição em seu despertar & evoluir.

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