Natal do Reaproveitamento

Semana passada estava conversando com uma colega de trabalho sobre decorações de Natal, principalmente o preço cobrado pelos itens mais procurados, como por exemplo, árvores, enfeites, guirlandas... Eu comentei que talvez comprasse um único item, mas que ainda iria verificar se valeria a pena. Minha colega estava apreensiva porque “precisava” comprar todos os itens decorativos novamente, afinal, por conta do primeiro ano da pandemia, ela estava repetindo seus enfeites por dois anos consecutivos... Após alguns minutos de reflexão perguntei a ela o motivo pelo qual ela não poderia repetir sua decoração de Natal a perder de vista. Fiquei sem resposta!

Lembro que na minha infância (Em 2021 eu quarentei! Podem fazer as contas... rs), os enfeites da árvore de Natal eram de vidro e guardados com toda a proteção possível para que fossem reutilizados no próximo ano. A árvore de Natal também foi a mesma por anos. E o pisca-pisca... esse merecia o prêmio de item mais reaproveitado dos natais da minha infância. Primeiro, porque ele já existia antes do meu nascimento. Segundo, que a única “dor de cabeça” que ele dava era descobrir qual a lâmpada que havia queimado durante as suas “férias” de onze meses no armário. Depois que você testava todas as lâmpadas e substituía a queimada, ele já estava prontinho para iluminar mais um dos nossos natais. E assim foi até o momento em que pararam de fabricar essas mini lâmpadas coloridas, ou até o momento que ninguém conseguia mais consertar sua fiação, ou quem sabe, quando acontecessem as duas situações ao mesmo tempo. Então, começou a era dos pisca-piscas mais leves, baratos e, infelizmente, descartáveis.

E por falar em pisca-pisca (o tal item que eu queria comprar neste ano), gostaria de colocar um daqueles modelos de rede na minha janela. Desisti. O alto valor do produto e a sua qualidade duvidosa tornou a relação custo X benefício inaceitável. Logo, minha janela está apagadinha, apagadinha...

Questionaram-me a ausência de crianças na minha casa e que, por esse motivo, eu não entenderia por que os enfeites “precisam” ser novos todos os anos. Vamos lá... Em 2019 comprei um conjunto de enfeites azuis para utilizar na árvore. Em 2020 comprei um outro conjunto de enfeites vermelhos para usar na árvore. Logo, em 2021, eu terei a opção de reutilizar os enfeites azuis, os vermelhos ou mesclar as duas cores e fazer uma combinação diferente dos anos interiores. Será mesmo que as crianças vão reclamar que os enfeites da árvore de Natal estão repetidos? Se for o caso, sugiro que ensinem e/ou reforcem o verdadeiro significado do Natal, e, depois, ensinem o reaproveitamento dos materiais.

Essa conversa toda também me trouxe à lembrança um grande exemplo de sustentabilidade voltada para decoração natalina: a árvore de galho seco! Isso era comum na escola: alguém encontrava um galho seco no chão, prendíamos em um vaso, colocávamos pequenas bolinhas de algodão simulando neve e os enfeites eras desenhados por nós, alunos. Fui pesquisar se ainda faziam isso e fiquei chocada... Agora os galhos secos são vendidos! A maioria dos que eu vi a venda não eram naturais. Alguns já vem com a iluminação embutida. Mas o mais chocante são os valores... Tem “galhos secos” que custam mais caro que a ceia de Natal completa!

Mais um item de decoração natalina que bateu recordes de reutilização aqui em casa é o Papai Noel presente na foto abaixo. Ele tem 20 anos conosco. Já não tem mais pilha que seja capaz de fazê-lo badalar o sino, caminhar e nem falar o seu famoso “HO-HO-HO”. Basta ver no seu olhar que ele anda meio desconfiado de ainda fazer parte deste evento mesmo sem os seus atributos característicos. Mas fique tranquilo Sr. Noel! Ninguém solta a mão de ninguém!

Desejo que esse texto, cheio de histórias e memórias, possa promover uma reflexão sobre o consumo excessivo que geralmente se intensificam em grandes datas comerciais, além de dar ideias de reaproveitamento dos seus itens de decoração. Mas vale você comprar um único produto que irá durar por vários eventos do que diversos itens “sem qualidade/descartáveis” anualmente. Atitudes como essa reduzem os seus gastos e ainda são parceiras do meio ambiente. O planeta agradece!