Elon Musk e a utopia negativa

A treta de Elon Musk com a justiça brasileira alimenta a extrema direita. Justamente aqueles que defendem a tortura e torturadores querem a liberdade absoluta, que possam ter o direito de disseminar fake news e falar toda barbaridade a favor de pensamentos criminosos. E pensando que estamos em ano de eleição, essa ferramenta seria muito importante para eleitores vinculados a pensamentos de extrema direita. É bom tentar entender quem é Elon Musk. Um bilionário que quer ser trilionário e investe em sua imagem através de uma plataforma comprada para garantir voz ativa a favor das mensagens fascistas. Ainda como usuário do Twitter, ele escreveu: “Vamos dar golpe em quem quisermos! Lide com isso”. Quando houve qualquer tentativa de algum governo barrar seus interesses intervencionistas, sempre era o incentivador de golpes, sem se importar com qualquer consequência de seus atos.

Os interesses e intenções do bilionário através da rede social, para arregimentar a opinião pública a seu favor, podem ser medidas na época em que a sua empresa Tesla precisava de lítio para seus veículos e motivou o golpe de Estado contra Evo Morales, na Bolívia, usando as mesmas táticas utilizadas no Brasil. E assim como tenta reaver as contas de Bolsonaro, tem lutado para reaver as contas também de Trump. Afinal, eles retroalimentam os discursos radicais e movimentam as redes captando mais dinheiro para seu império. Assim como Bolsonaro, que ataca as instituições e incentiva o golpe, sem se importar com qualquer consequência, Musk o faz protegido pela rede social X.

No Brasil, a legislação é bem robusta em relação à democracia brasileira e instituições. Diferente de outros países, figuras que acusam outros apenas para reverberar o ódio não são permitidas pela lei. Haja vista John Textor, dono do futebol do Botafogo. Do exterior, protegido pelo país, acusa a Confederação Brasileira de Futebol de manipulação de jogos, sem provas. Isso será acertado certamente nos tribunais. O caso de Musk é diferente. Ele está atentando contra os poderes do Brasil através do X. Estimulando a extrema direita a pensar como Bolsonaro, contra a sólida instituição. Flávio Bolsonaro, em entrevista recente, confessa que o pai tentou um golpe de Estado e acha que atentar contra os poderes não é grave. Para ele, grave seria se houvesse acontecido. Mas se acontecesse, será que estaríamos questionando também?

De fato, a internet não é terra de ninguém, fora nos idos dos anos 90/2000. Mas como para tudo temos regulamentações, ninguém pode se eximir dessa legislação. Musk não pode zombar da soberania nacional tentando pagar por legislação que nem existe no Brasil. Ano eleitoral sem as ferramentas das redes sociais é a defesa do Estado Democrático de Direito. Musk chega a acusar Alexandre de Moraes de ter participado do assassinato de Teori Zavascki. De onde vem essas informações tortas? Evidentemente dessa rede de extremistas que está muito bem organizada pensando o quanto é importante jogar essas informações falsas, ter elas distribuídas ao infinito e alimentar mais essas campanhas de ódio e difamação, crime contra democracia, mentiras contra o sistema eleitoral. Ataque coordenado. Na legislação brasileira, isso é crime. Pelas redes sociais, ainda não. Se a pauta das fake news fosse levada à votação, teríamos mais condições de agir com mais rigor. Porém, aqueles que querem se utilizar disso fazem corpo mole.

Regular a internet no Brasil é muito importante. Não é censura. Existe diferença. Uma coisa é crime e precisa ser punido. A outra conhecemos bem, pois vivemos anos e anos de chumbo.