Nuvens negras na América Latina

Não deu nem para sentir o amor voltando ao ar e um pequeno clima de vitória com o respeito a constituição e a soltura do ex-presidente Lula, que já somos assolados com o golpe militar na Bolívia. Não dá para descansar. Tom Morello já havia anunciado a volta da banda Rage Against the Machine porque os tempos exigiam. E exigem mesmo. Estamos vivendo um clima de usurpação pela América latina pela força. Mas com a força, tanto quanto nos períodos de ditaduras militares. A esquerda achou que melhorando as condições do povo era a única opção de garantia de continuidade do trabalho. Mas esqueceram que fascistas se utilizam do medo e insegurança que se alimenta o ódio, para usá-los contra aqueles que mesmo conseguindo tornar os países autossuficientes, sejam considerados bandidos na visão do povo. E do que precisam? Um pouco de tempo, mídia e verba dos países que antes eram colonizadores.

Pense bem. Evo Morales cometeu erros graves? Senão vejamos: Estatizou empresas, quadruplicou o PIB, reduziu a miséria de 65% para 15% do total da população, a concentração de renda reduziu e o país com o maior crescimento econômico e social da região. Sim, foi grave para a elite local e para os EUA. Como que um país está bem, a população reelegeu diversas vezes e na última eleição, apesar de vencer novamente, tem um golpe de Estado? Justamente porque as únicas maneiras são pela força.

Evo pode ter errado ao se candidatar à reeleição? Talvez. O MAS errou ao não construir outras lideranças? Sim, assim como no Brasil. Parte da desmobilização da Esquerda é responsável em não conseguir preencher os vazios que poderão ser causados na renovação. A América Latina está sob ataque dos EUA. Golpe na Bolívia das classes dominantes, religiosos e militares. São legítimos herdeiros de escravistas e assassinos.

No momento em achávamos que o fascismo estava perdendo terreno, Benjamin Netanyahu não se reelegeu, na Argentina derrota de Macri, levantes populares em várias partes da América Latina contra governos liberais, também na Europa e oriente. A extrema-direita encolhendo pelo mundo e o impeachment de Trump avançando. A perspectiva era rapidamente chegar ao Brasil. Porém, não se subestima essas forças. O levante no Chile está levando ao Governo investir em violência extrema com Piraña do Chile arrancando um olho de quase 200 compatriotas e não renunciou e na Bolívia, Evo Morales foi obrigado a renunciar pelas forças armadas para evitar um banho de sangue maior. Alguns países já ofereceram asilo político, mas o povo está sendo dizimado pelas forças militares.

Está tudo muito pior que o noticiado. Estão perseguindo indígenas, lideranças e jornalistas. O Golpe militar fundamentalista religioso, tem as mesmas condições que temos no Brasil, para a sempre guerra santa. Se utilizam da religião para fortalecer o intuito maldoso, assim como faziam no passado, só que nesse momento, através das religiões fundamentalistas que pregam o ódio e não o amor. Foi assim como aconteceu no Paraguai e no Brasil, quando o bispo Fernando Lugo e Dilma Rousseff foram golpeados. Os golpistas entraram no palácio presidencial com uma cruz e arrancaram uma imagem da Pachamama. Evangélicos radicais tiveram papel fundamental no Golpe, cujo líder está envolvido com empresas off shore (escândalo Panamá Papers).

O maior intelectual da atualidade, Noam Chomsky, denunciou a participação dos Estados Unidos na derrubada do governo de Evo Morales. Em toda a América Latina, existe o interesse desses grupos de esvaziar todas as riquezas e acabar com o Estado que humaniza as pessoas. Além da agenda Neoliberal mundial, existe o interesse pelos 10 milhões de toneladas de lítio e as florestas da Bolívia.

Estamos de luto pela morte da democracia para a América Latina. É uma tristeza, um medo e uma incerteza pelo que aconteceu, acontece e ainda vai acontecer.