Intolerância Religiosa X Equilíbrio Emocional

Intolerância religiosa e equilíbrio emocional são temas que possuem relações muito próximas, já que cada ser humano é individual, único e possui suas crenças com direito à liberdade de escolha para fortalecer sua fé, seja ela qual for. Estudos mostram que ter uma crença é fundamental para fortalecer o senso de pertencimento e humanidade das pessoas. Normalmente, aquele que não crê em nada tem maior tendência a se sentir inseguro e perdido diante de diversas situações cotidianas.

A isonomia ajuda a reforçar o compromisso na luta ao combate por todo e qualquer tipo de preconceito, intolerância, discriminação, racismo ou violência religiosa. Neste sentido, devemos lembrar a importância de se crer em algo. Ter uma crença, uma fé. Na psicologia, compreendemos que a espiritualidade não é apenas sobre religião, é sobre nos conectarmos com algo maior, compreender o seu propósito e encontrar significados. Ao despertar a sua espiritualidade, poderá mergulhar nas profundezas do seu ser, abrindo portas para um autoconhecimento mais profundo e transformador.

Nessa conexão da saúde mental com a busca pelo autoconhecimento, a espiritualidade é uma aliada poderosa na cura de traumas e feridas emocionais, pois é um caminho que, certamente, atribui paz interior e resiliência à vida. Isso acontece porque a espiritualidade é uma ferramenta valiosa na promoção da saúde mental, já que, ao enfrentar traumas não resolvidos e feridas emocionais, o indivíduo poderá construir uma base sólida para uma vida mais equilibrada e satisfatória através de sua fé. Além disso, ela oferece a oportunidade de libertação de padrões repetitivos e transgeracionais, permitindo o florescer de uma versão mais autêntica de si mesmo. Ou seja, aprofundar-se na espiritualidade é um passo importante para o equilíbrio.

O sofrimento psíquico de quem sofre com questões relacionadas a preconceito, discriminação e intolerância religiosa ou qualquer outro tipo de violência, deixa marcas profundas no indivíduo. Tanto que os consultórios psicológicos estão cheios de pessoas que buscam ajuda profissional para tratar dores emocionais ocasionadas pelo cerceamento da fé e da manifestação de sua espiritualidade. E que fique claro que não se trata de uma ou outra religião específica, mas sim de todas as vozes que são caladas quando tentam declarar sua crença e são impedidas pela violência física ou psicológica.

Portanto, se considerarmos que a exclusão, seja de qual natureza for, pode causar adoecimento psíquico no ser humano, devemos reforçar e evidenciar esforços para lutar e combater a intolerância religiosa, que é mais uma forma de exclusão pessoal, já que anula os sentimentos, desejos e crenças, impedindo a pessoa de manifestar sua fé e suas ideias. Precisamos apurar ainda mais o olhar, o acolhimento do outro para deslegitimar a intolerância, o ódio, o julgamento, a violência e preconceito que alimentam o sofrimento psicológico e diminuem a qualidade de vida. Afinal, qualidade de vida não é apenas um padrão de vida: envolve paz, justiça social, alimentação adequada, ambiente saudável, educação e recursos sustentáveis. Enfim, a saúde é nosso recurso mais valioso para o desenvolvimento pessoal, social e econômico e a liberdade de expressão da crença e fé não deixa de ser um ato contínuo de olhar, reconhecer e acolher o outro, tal como queremos (e precisamos) ser reconhecidos como seres únicos em evolução.