“Golda” ganhou indicação ao Oscar e já está disponível no Prime Video

Tem certos nomes históricos que precisamos conhecer e o cinema ajuda bastante nessa tarefa. O novo filme “Golda” cumpre em parte, pois apresenta para muitas pessoas essa mulher que deixou sua marca na história recente. Mas faltou contextualizar melhor. Digo isto porque tenho certeza que grande parte do público, infelizmente, não vai pesquisar mais sobre essa figura.

Nascida em 1898, Golda Meir foi a única primeira-ministra de Israel e a primeira em todo o Oriente Médio. Em sua mãos, estava a grande tarefa de estar à frente de um dos países mais novos do globo, em meio a tantos conflitos, especialmente por estar no cargo durante a Guerra do Yom Kippur.

O filme tem uma estratégia que lembra bastante outros como “O Destino de uma Nação” e “A Dama de Ferro”, que também retratam momentos icônicos de figuras políticas relevantes que dividem opinião. Eu gosto da estratégia de narrativa de flashback aqui, para dar esse ar revisionista e, principalmente, de proximidade com a personagem.

Entretanto, o roteiro deixa furos, na minha opinião, ao criar Golda quase que como um mito e não abrir, pontuar só até, as controvérsias em torno dessa figura. Recentemente, senti o mesmo com “Nyad”. É claro, há todo o olhar de respeito do diretor sobre essa líder e faz esse recorte dos 19 dias de guerra para acompanharmos seu posicionamento. Mais que isso: sermos cúmplices dessa mulher em meio a tantos militares e políticos que precisam tomar as grandes decisões que resultaram de sua posição de mobilização parcial. É o questionamento de que, se fosse um homem neste lugar, as mesmas críticas seriam feitas?

É uma biografia, mas mais para o lado profissional, apesar de entendermos da condição de saúde da personagem e seu respeito por quem estava ao seu redor, como saber que o filho de uma das companheiras de trabalho estava na linha de frente. É respeitoso e fácil de ser tocado, porém, para quem não tem conhecido prévio sobre essa geopolítica e época, pode ficar um pouco confuso. Mas, claro, sempre vale ir pesquisar depois!

Acho bem válido e interessante o uso de imagens de arquivos e de acompanhar a guerra ao lado de Golda, com os fones transmitindo os rádios dos soldados. Às vezes, o não mostrar é tão potente quanto a própria imagem. E o que coroa a tensão são os planos-detalhes dos dedos dela. Mais um dos muitos elementos que merecem destaque da atuação de Helen Mirren, pois sua entrega e estudo de personagem é de um alto nível, ao ponto que realmente assistimos a Golda Meir. Não é à toa que foi na categoria de "Cabelo e Maquiagem" que o filme conquistou uma indicação ao Oscar desse ano.