Não é um desejo recente que “Gladiador” ganhasse uma continuação. O sucesso do primeiro filme sempre foi um prato cheio para a certeza de: precisamos fazer isso de novo. Mas ainda bem que amadureceram bem o projeto porque até ideia de Maximus ressuscitar, se tornar imortal e perpassar outras eras já esteve na mesa. Foi uma longa batalha para esse filme agora chegar aos cinemas, desde chegar até o roteiro ideal e o impacto da paralização por conta da greve dos roteiristas, o que fez o orçamento mais que dobrar. No fim, deu certo todo o suor. Claro que é unanime (espero) a opinião de que poderíamos seguir somente com o original, já que sua história é extremamente redonda, mas valeu a pena o ingresso para retornar a Roma, ao Coliseu e assistir esse império na trajetória que vai levar sua decadência.
É muito claro que Ridley conseguiu se divertir fazendo cada take do filme. Além de ter o orçamento possível para suas ideias, agora chegou a tecnologia para realizar estas que já existem desde o original e, então, nós espectadores ganhamos de presente grandes batalhas, com direito a (enfim) a luta do rinoceronte e água dentro do Anfiteatro Flaviano. E tudo isso como plano de fundo da narrativa de um homem que busca vingança. A história é sim bastante semelhante ao primeiro filme porque é a clássica jornada do herói, estrutura tão antiga quanto o próprio império romano, e nesse caso ainda sendo o filho seguindo os passos do pai e na trajetória para construir e realizar o sonho do avô, Marcus Aurelius, de restaurar a glória perdida de Roma.
Achei interessante como a combinação dos personagens Lucius (Paul Mescal) e Acacius (Pedro Pascal) resultam em Maximus, o que é mais ainda sublinhado quando são colocados lado a lado para batalhar. Apesar de serem intrigantes, ficamos com o gosto de querer mais dos personagens, porque o filme sempre deixa tudo à sombra de seu grande gladiador, até porque o que ele fez na vida ecoou na eternidade, né? E esse é um ponto marcante por todo “Gladiador II”, que não tenta andar com as próprias pernas. Ele sabe que depende totalmente de seu antecessor e a todo momento lembra disso, em respeito e também para que esse filme aqui funcione e deixe o caminho aberto para que uma franquia de Gladiador continue.
É impossível não elogiar a dupla de imperadores tiranos, Geta e Caracala, que brilham em suas cenas. Entretanto, o que realmente é impecável é Macrinus (Denzel Washington), não só porque é claro como o ator está de divertindo com seu misterioso personagem mas porque tem um ótimo arco dramático e é a cereja do filme. Adoro como o personagem é um contraponto excelente ao Maximus, que luta por todos e o futuro, enquanto Macrinus articula pensando em si e no agora.
Em resumo, assista e aproveite a sessão. Sabemos que o primeiro é impecável, mas esse é uma excelente diversão de filme pipoca como grande épico histórico, que é sim novamente um segmento que Hollywood parece estar investindo para voltar a aumentar seu faturamento. Talvez seja uma previsão, ou só uma loucura minha, mas os épicos e musicais são os novos filmes de super-herói dos cinemas, um atrás do outro. Opa, já viu o que lança essa semana?