Seja manifestado por um adulto ou uma criança, o comportamento agressivo sempre será uma característica relacionada a um tipo de sofrimento psíquico. No caso de uma criança, como ela ainda não possui elementos básicos de comunicação, pode acabar enxergando na agressividade uma linguagem para expressar suas necessidades. Ou seja, na grande maioria dos casos, o comportamento agressivo reflete um pedido de socorro que pode ser desencadeado por vários fatores: separação dos pais, chegada de um novo irmão, dificuldade em receber não, falta de limites, dentre outros.
A agressividade infantil é uma muleta emocional, a única forma de pedir socorro e expressar que algo está errado. A criança precisa aprender o que fazer com essa raiva e, por não saber negociar ou expressar corretamente suas emoções, acaba agindo com a explosão de raiva. Não sabem moldar a situação ruim e seguir em frente, por isso agridem, demonstrando um tipo de sofrimento.
A psicanálise faz dois tipos de leituras referente a esse tipo de comportamento: pode ser uma atitude e hábito natural da idade da criança, que ainda está aprendendo a gerenciar suas emoções e nomear, cognitivamente, o que está sentindo, ou pode ser a manifestação de algum tipo de transtorno. Um deles é o Transtorno Opositivo Desafiador (TOD), onde a criança adota uma postura de teimosia frequente, hostilidade e uma persona rígida e desafiadora, a todo tempo. A diferença entre a birra e a evidência de algum transtorno psíquico, certamente, está na intensidade. A birra será manifestada em momentos específicos, já um transtorno demonstrará influências com curtos espaços de tempo.
Quando não sabemos distinguir a característica dos comportamentos ou avaliar, com cautela, os sintomas apresentados pela criança, corremos o risco de, no futuro, termos adolescentes e adultos arrogantes e inseguros. Por isso, regras e rotinas, além de uma abertura constante de diálogos, é fundamental para amenizar as emoções que eles não conseguem verbalizar, visto que a criança sempre irá refletir o comportamento e as falas dos adultos, o que demonstra a necessidade de ser cauteloso com o que se diz, como se comporta e como conduz a relação. Ser transparente e falar a verdade, acolher em momentos mais estressantes, ajuda a reduzir as possíveis associações emocionais inadequadas.
Enfim, não se deve fechar os olhos para os comportamentos negativos em excesso. Buscar ajuda profissional e observar algumas dicas para auxiliar o processo educacional e comportamental, dentro do desenvolvimento infantil, é extremamente necessário, como por exemplo: não agir no desespero ou no impulso. Pelo contrário: brigar com a criança só irá reforçar o comportamento desajustado. Determinar regras também é muito importante. Além disso, bater não é a melhor solução, pois poderá contribuir com a ideia errada de que a violência é o caminho. Ensine a criança a lidar com a raiva, mostrando a ela que pode descarregar a emoção em atividades úteis e construtivas, como em uma prática física ou mesmo em dinâmicas que exijam criatividade e foco. Elogie sempre que ela conseguir ter autocontrole e demonstre carinho e cuidado. Estabeleça o diálogo constante e, lembre-se: quando a criança tem dificuldades, certamente, a tendência é que toda a família também pode ter. Por trás de um comportamento sempre existe uma necessidade.